quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Decrépitos, demagogos e carrascos

O decrépito Castro espelha em seu semblante a decrepitude do próprio socialismo. O demagogo Lula ainda pensa que está nos dias de glória do tirano do Caribe ao prestar-lhe tanto apreço.
Apesar de todo o sofrimento e miséria do povo esmagado por uma tirania sem fim;
apesar de muitos gemerem nos cárceres pagando o preço de ter sonhado com a liberdade;
apesar de tantos crimes cometidos em nome desta mesma liberdade;
apesar de tudo isto, e acima de tudo, da morte cruel de um opositor na prisão, exatamente no momento em que o "lambe-botas" e bajulador incondicional de Castro (sim, é ele mesmo, o Lula) presta ao tirano as honras imerecidas do governante de um país onde impera a liberdade;
pois bem: apesar de tudo, ELES AINDA SORRIEM.
O RISO SARCÁSTICO DA DECREPITUDE E DA DEMAGOGIA. O SARCASMO DOS CARRASCOS DO POVO CUBANO.

O coordenador do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá Sardiñas, advertiu que a morte do preso de consciência Orlando Zapata Tamayo em um hospital de Havana, tem como cúmplices a todos os que dentro ou fora da ilha negam a ditadura que existe em Cuba. Inclusive Lula, Chico Buarque & Cia.

"Denunciamos a todos aqueles que dentro e fora de Cuba por covardia, egoísmos e outras misérias, não têm o pudor de apoiar os que lutam, sofrem e morrem por defender os direitos e a dignidade de todos. Todos esses também mataram Zapata", expressou Payá.

Zapata Tamayo morreu logo depois de uma greve de fome de 85 dias, com a qual exigia que lhe dessem "um trato mas digno e mais humano para ele e para todos os prisioneiros".

Payá recordou que este membro do MCL foi encarcerado "por denunciar as violações aos direitos humanos e por atrever-se a falar abertamente do Projeto Varela no parque Central de Havana". Indicou que a pesar de que nunca usou a violência, foi condenado primeiro a três anos da prisão que logo foram ampliados a mais de trinta anos.

O coordenador do MCL relatou que ao longo dos anos Zapata foi vítima de abusos, golpes e demais ultrajes dos quais é responsável o Governo cubano.

Por isso, também criticou os governos, estados e instituições que "preferem a relação harmoniosa com a mentira e a opressão (do Governo) à solidariedade aberta com o povo cubano. Todos são cúmplices do que ocorre e do que ocorra".

"Orlando Zapata Tamayo, querido irmão: continuaremos a luta, sem ódio, mas determinados, até que Cuba seja livre e os cubanos deixem de sofrer esta humilhação penosa que é viver submetidos à mentira pelo medo", finaliza o comunicado.

Em outubro passado, o Movimento Cristão Liberação re-lançou a canção "Todos Cubanos", que se converteu em um hino de esperança para a transformação política profunda e pacífica em Cuba.

A letra da canção foi composta por Oswaldo Payá, enquanto que a música é de seu irmão Carlos, representante do Movimento ante a União Européia.

Para escutar a canção, visite http://www.youtube.com/watch?v=Ce0czNF3Fis

De outro lado, a organização Arquivo Cuba, denuncia as condições bárbaras das prisões cubanas, assim como o alto número de mortes nas mesmas. Desde 2005 até hoje calcula-se que morreram cerca de 97 presos cubanos nos cárceres da ilha-prisão, todos documentados, segundo a entidade. Já há um vídeo com declarações da mãe de Orlando Zapata, Veja:

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Marthe Robin, milagre eucarístico e estigmas por meio século

O século XX, considerado o século do ateísmo e do ceticismo religioso foi também (quem diria!) o de grandes fenômenos místicos, como o de Luísa Piccarreta e Marta (ou Marthe) Robin. Nasceu ela no dia 13 de março de 1902, em Châteauneuf-de-Galaure (Drôme), em França, numa família de camponeses e passou toda a sua vida na casa paterna, onde morreu no dia 6 de fevereiro de 1981. Toda a existência de Marta girou ao redor de Jesus Eucaristia, quem para ela foi “Aquele que cura consola, aligeira, abençoa, o meu Tudo”. Desde 1928, depois de uma grave doença neurológica, Marta estava quase absolutamente impossibilitada de movimentar-se, particularmente não podia engolir porque os músculos da deglutição estavam bloqueados, além disso foi obrigada, por causa de uma doença nos olhos, a viver praticamente na escuridão. Eis o testemunho do padre Finet, o seu diretor espiritual: “Quando recebeu os estigmas, no início do mês de outubro de 1930, Marta já vivia a sua Paixão desde 1925, ano em que ela se ofereceu como vítima de amor. No mesmo dia, Jesus lhe disse que depois da Virgem Maria, Ele tinha escolhido ela para viver mais intensamente a Paixão e ninguém poderia vivê-la de maneira tão plena. Acrescentou que cada dia ela sofreria mais e mais que nunca mais dormiria à noite. Depois dos estigmas, Marta não pôde mais nem comer, nem beber e o êxtase durava até a segunda ou terça-feira”.
Marta Robin aceitou todos os sofrimentos por amor a Jesus redentor e pelos pecadores que queria salvar. O filósofo Jean Guitton recordando o seu encontro com a vidente escreveu: “Encontrei-me naquele quarto escuro, apresentado por uma das mentes mais contestatárias do nosso tempo: o médico de Anatole France, o doutor Couchourd, discípulo de Alfred Loisy e diretor de uma coleção de livros anticristãos. Desde o primeiro encontro com Marta Robin, entendi que ela seria uma “irmã na caridade”, como sempre foi para milhares de visitantes”. Efetivamente, além dos fenômenos místicos extraordinários, a obra evangelizadora que Marta levou adiante foi realmente significativa, apesar das suas condições. Graças à ajuda do padre Finet, fundou sessenta “Foyers de Lumiére, de Charité er d’Amour” espalhados por todo o mundo.
O filósofo Jean Guiton (“O Retrato de Marta Robin”) nos deixou um impactante testemunho sobre Marta Robin: “Era uma camponesa dos campos franceses, que por trinta anos não ingeriu nem comida, nem bebida, nutria-se somente da Eucaristia e cada sexta-feira revivia, com os estigmas, as dores da Paixão de Jesus. Uma mulher que talvez foi a pessoa mais estranha, extraordinária e desconcertante da nossa época, mas que justamente no século da televisão permaneceu desconhecida ao público, sepultada no mais profundo silêncio…Desde o primeiro encontro com Marta Robin, entendi que ela seria uma “irmã na caridade”, como sempre foi para milhares de visitantes”.
Um pequeno relato de sua vida encontra-se também no portal de exposição de milagres eucarísticos divulgados pelo Vaticano. Veja, abaixo, um vídeo em espanhol sobre a mística.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental


Thomas E. Woods Jr.

Ed. Quadrante, SP – 224 págs. - R$ 38,00

Na obra em foco, professores, estudantes do Ensino Médio ou Universitários, encontrarão uma fundamentação clara e segura, livre de “ideologias”, respostas sérias a questões muitas vezes transmitidas aos alunos, cheias de preconceitos contra a Igreja Católica.

O autor Thomas Woods, doutorado pela Universidade de Columbia, mostra o contributo da Igreja Católica para a sociedade, como toda a civilização Ocidental nasceu e se desenvolveu apoiada nos valores e ensinamentos da mesma Igreja. Em concreto explica, entre muitas outras coisas:

◦Porque o milagre da ciência moderna e de uma filosofia que levou a razão à sua plenitude só puderam nascer sobre o solo da mentalidade católica;
◦Como a Igreja criou uma instituição que mudou o mundo: a Universidade;
◦Como ela nos deu uma arquitetura e umas artes plásticas de beleza incomparável;
◦Como os filósofos escolásticos desenvolveram os conceitos básicos da economia moderna, que trouxe para o Ocidente uma riqueza sem precedentes;
◦Como o nosso Direito, garantia da liberdade e da justiça, nasceu em ampla medida do Direito Canônico;
◦Como a Igreja criou praticamente todas as instituições de assistência que conhecemos, dos hospitais à previdência;
◦Como humanizou a vida, ao insistir durante séculos nos direitos universais do ser humano – tanto dos cristãos como dos pagãos – e na sacralidade de cada pessoa.
Num momento em que se propaga uma imagem da Igreja como inimiga dos progressos da ciência e da técnica, e da liberdade do pensamento, este é um livro que desfaz preconceitos, corrige clichês e ensina inúmeras verdades teimosamente omitidas no ensino colegial e universitário.

Por Mons. José Maria Pereira

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Significado da Cerimônia de Cinzas

Trascrevemos abaixo do site dos Arautos

A Igreja nos indica, nas orações recitadas por seus ministros, o significado da cerimônia das Cinzas: "Ó Deus, que não quereis a morte do pecador mas a sua conversão, escutai com bondade as nossas preces e dignai-vos abençoar estas cinzas que vamos colocar sobre as nossas cabeças. E assim reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos, pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado". É, pois, a penitência que a Igreja nos quer ensinar pela cerimônia deste dia.

Já no Antigo Testamento os homens cobriam se de cinzas para exprimir sua dor e humilhação, como se pode ler no livro de Jó. Nos primeiros séculos da Igreja os penitentes públicos apresentavam-se nesse dia ao bispo ou penitenciário: pediam perdão revestidos de um saco, e como sinal de sua contrição cobriam a cabeça de cinzas. Mas como todos os homens são pecadores, diz santo Agostinho, essa cerimônia estendeu-se a todos os fiéis, para lhes recordar o preceito da penitência. Não havia exceção alguma: pontífices, bispos, sacerdotes, reis, almas inocentes, todos se submetiam a essa humilhante expressão de arrependimento.

Tenhamos os mesmos sentimentos: deploremos as nossas faltas ao recebermos das mãos do ministro de Deus as cinzas bentas pelas orações da Igreja. Quando o sacerdote nos disser "lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar", ou "convertei-vos e crede no Evangelho", enquanto impõe as cinzas, humilhemos o nosso espírito pelo pensamento da morte que, reduzindo-nos ao pó, nos porá sob os pés de todos. Assim dispostos, longe de lisonjearmos o nosso corpo destinado à dissolução, decidir-nos-emos a tratá-lo com dureza, a refrear o nosso paladar, os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa língua, todos os sentidos; a observar, o mais possível, o jejum e a abstinência que a Igreja nos prescreve.

Meu Deus, inspirai-me verdadeiros sentimentos de humildade, pela consideração do meu nada, ignorância e corrupção. Dai-me o mais vivo arrependimento das minhas iniqüidades, que feriram vossas perfeições infinitas, contristaram vosso coração de pai, crucificaram vosso Filho dileto, e me causaram um mal maior do que a perda da vida do corpo, pois que o pecado mortal é a morte da alma e nos expõe a uma morte eterna.

A Igreja sempre admoestou os fiéis a não nos se contentarem com sinais externos de penitência, mas a lhe beberem o espírito e os sentimentos. Jejuemos, diz ela, como o Senhor deseja, mas acompanhemos o jejum com lágrimas de arrependimento, prosternando-nos diante de Deus e deplorando a nossa ingratidão na amargura dos nossos corações. Mas essa contrição, para ser proveitosa, deve ser acompanhada de confiança. Por isso a Igreja sempre nos lembra que nosso Deus é cheio de bondade e misericórdia, sempre pronto a perdoar-nos, o que é um forte motivo para esperarmos firmemente a remissão das nossas faltas, se delas nos arrependermos. Deus não despreza jamais um coração contrito e humilhado.

A liturgia termina exortando-nos a tomarmos generosas resoluções confiando em Deus: "Pecamos, Senhor, porque nos esquecemos de vós. Voltemo-nos logo para o bem, sem esperar que a morte chegue e que já não haja tempo. Ouvi-nos, Senhor, tende piedade, porque pecamos contra vós. Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória do vosso nome libertai-nos". O pensamento da morte convida-nos ainda a viver mais santamente, e quão eficaz é essa recordação!

À borda do túmulo e à porta do tribunal supremo, quem ousaria enfrentar o seu Juiz, ofendendo-o e recusando o arrependimento ou vivendo na negligência, tibieza e relaxamento? Colocai-vos em espírito em vosso leito de morte e armai-vos dos sentimentos de compunção que então quereríeis ter. Depositai vossa confiança na misericórdia divina, nos méritos de Jesus e na intercessão da divina Mãe. Prometei ainda ao Senhor:

- 1º de cortar aos vossos pensamentos, conversas e procedimento tudo o que lhe desagrada;

- 2º de viver quanto possível na solidão, no silêncio e, sobretudo, no recolhimento interior que favorece em vosso espírito a oração e vos separa de tudo que não é Deus.

Adaptado de Quarta-Feira de Cinzas, em Meditações para todos os dias do ano. Pe. Luís Bronchain CSSR, Petrópolis, Editora Vozes, 1949 (2ª edição em português, pag. 132-134)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Enquanto os comunistas previam erradamente em 1960 o fim da fome, sob o advento do socialismo, ONG católica fundada naquela época ainda hoje atua

Em dezembro de 1959 o diário soviético “Komsomoltskaya Pravda” se perguntava como seria o mundo 50 anos depois. Uma coisa estava clara: todos os alimentos seriam grátis em 2010, todo mundo poderia comer o que quisesse, e nas casas não só haveria torneiras de água corrente, mas também torneiras das quais sairia leite de depósitos nos edifícios abastecidos com caminhões das férteis granjas soviéticas. Acaso em 1957 o Sputinik não dava já voltas ao redor da terra enviando suas mensagens? Não era nenhuma mentira do diário: era previsível conseguir este Estágio em 50 anos, a tecnologia o permitiria.
Nesse mesmo ano, em 1960, um grupo de mulheres católicas espanholas fundava “Manos Unidas” (Mãos Unidas) (www.manosunidas.org) a fim de declarar guerra à fome no mundo. Pensavam elas que no ano de 2010, com enormes avanços no campo da energia e da agricultura, acabava a Guerra Fria, com máquinas do homem em Marte, com uma tecnologia que permita a qualquer africano de classe popular chamar por celular a seus parentes emigrados para a Espanha... ainda haveria muitos milhões de pessoas passando fome?
A vergonha de nossa civilização é que, tendo a tecnologia e capacidade produtiva e distributiva para acabar com a fome (algo de que careciam as gerações anteriores) este açoite da humanidade persiste ainda em infinidade de seres humanos.
A União Soviética se desfez e seus projetos foram de água abaixo. Mas a humilde iniciativa daquelas mulheres continua viva em “Manos Unidas”, que o ano passado destinou 53,7 milhões de euros a 692 projetos, a maior parte na África e Ásia em programas de educação, atenção sanitária e social.
Na sexta-feira anterior à jornada contra a Fome se fez celebrar um “Dia de Jejum voluntário”, a fim de conscientizar e solidarizar os espanhóis com os que passam fome. Se anima às pessoas a destinar “o preço de uma comida” a um donativo para os projetos de “Manos Unidas”.
Outra das grandes fontes de ingressos para manter este trabalho no Terceiro Mundo é a coleta deste fim de semana nas paróquias.
Este ano, o lema de “Manos Unidas” parece inspirar-se na Encíclica social de Bento XVI, “Caritas in veritate”, que relaciona ecologia, paz, direito à vida e à alimentação. “Contra a fome, defende a Terra” é o lema. Menciona ademais dois dos chamados “Objetivos do Milênio” (proteger o meio ambiente e erradicar a pobreza).
A presidente de “Manos Unidas”, Myriam Garcia Abrisqueta, explicou às agências de notícias que “as mudanças climáticas, as secas, as inundações, as percas de colheitas afetam a dignidade e o desenvolvimento da pessoa”. Acrescentou ainda que os objetivos do Milênio “dificilmente se cumprirão em 2015”. Não são só os soviéticos que fazem cálculos sobre cifras irreais.
Myriam Garcia Abrisqueta destacou a generosidade dos espanhóis (o ano passado, em que pese a crise, aumentaram os donativos). “A população espanhola entende que se a crise afeta a nós, afetará muito mais os países desfavorecidos, em parte porque a quantia dos compromissos internacionais se verão minguados”, assinalou à Europa Press.
O ato de apresentação da campanha a nível espanhol foi feita em Madri por Anne Igartiburu, coadjuvado pelo coral “Karibu” de mulheres africanas, e contou com o testemunho do bispo Juan José Aguirre, cordobês e missionário em Bangassu, República Centro-africana. Mesmo contando com sua própria ONG, a Fundação Bangassu (www.fundacionbangassou.com) também conta com o apoio de Manos Unidas em vários de seus projetos.
Outro exemplo da ação de Manos Unidas é o Haiti, país em que já faz 30 anos que atua. Nas últimas duas semanas foram aprovados outros 16 projetos humanitários no castigado país, aos quais foram destinados mais de 1,16 milhões de euros. Estes trabalhos se unem aos 68 programas realizados de 2007 a 2009, com uma inversão de 2,3 milhões de euros, mas 430 mil euros enviados depois dos furacões Ike, Hanna e Gustave, em 2008.
Assim como a Cáritas, “Manos unidas” conta com grande rede social que é a Igreja Católica em todo o mundo: onde chega há uma comunidade local responsável e disposta a fazer frutificar um projeto social.
Traduzido de Forum Libertas

Veja nossas postagens anteriores sobre o mesmo tema:

Comunismo lidera as grandes tragédias de fome no mundo;
Cresce produção de alimentos e a fome no mundo

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Versão moderna do "Inferno", de Dante


Para aqueles que ainda duvidam do quanto avança o satanismo no mundo, vejam esta notícia: "A descrição do inferno vista na primeira parte do poema "A Divina Comédia", de Dante Alighieri, escrito no século 14, é a inspiração para o game "Dante's Inferno", que acaba de ser lançado nos Estados Unidos. O jogo reune generosas doses de violência e nudez - foi classificado para maiores de 17 anos.
O jogador encarna Dante, veterano cavaleiro das cruzadas, que deve libertar sua amada das garras de Lúcifer. Para enfrentar satanás o jogador passa por fantasmas, monstros e todo tipo de aberrações que a imaginação humana do absurdo pode ter. Há mais: sangue derramado, cabeças decapitadas que são atiradas na direção da tela, mulheres empaladas e um personagem com o olho perfurado por um crucifixo. São nove os círculos do inferno descritos no jogo, um dos quais dedicados à luxúria, com mulheres nuas e um demônio gigante expondo seu órgão genital. Tanta criatividade, tantos recursos tecnológicos desperdiçados pelo gênio humano para a propagação do satanismo! Até onde chegarão?
Mais sobre o tema, veja nossas postagens anteriores Sonho ou Pesadelo? e Sonho Pavoroso.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Prêmio europeu Carlos Magno para a Juventude


Foi lançada a terceira edição do Prêmio Europeu Carlos Magno para a Juventude. O galardão destina-se a jovens envolvidos em projetos destinados a promover o entendimento entre pessoas de diferentes países da Europa. O Prémio Europeu Carlos Magno para a Juventude, organizado conjuntamente pelo Parlamento Europeu e pela Fundação do Prémio Internacional Carlos Magno, em Aachen, é atribuído a projetos desenvolvidos por jovens entre os 16 e os 30 anos. Os projetos vencedores devem servir de modelo para jovens na Europa e dar exemplos práticos de Europeus que vivam em comunidade. Entre os programas selecionados, contam-se intercâmbios de jovens, projetos artísticos e de Internet com dimensão europeia.
Os três projetos vencedores receberão 5.000, 3.000 e 2.000 euros, respectivamente. Os seus autores serão também convidados a visitar o Parlamento Europeu.
Em 2009, o primeiro lugar foi atribuído ao projeto polaco "YOUrope needs you!". Recorrendo a uma série de "workshops" para o ensino secundário, da responsabilidade de alunos universitários, este projeto utiliza métodos informais para transmitir aos adolescentes fatos interessantes sobre a Europa.
O segundo e terceiro prêmios foram para o "Festival Europeu de Teatro Universitário de Albi" (França) e para "Gumboot Diplomacy" (Alemanha), respectivamente.
Os três melhores projetos serão então selecionados em duas fases.
Primeira fase: um júri nacional, constituído por, pelo menos, um eurodeputado e um representante de uma organização para a juventude, irá selecionar um vencedor nacional de cada um dos Estados-membros até 5 de Março de 2010
Segunda fase: um júri europeu, constituído por três eurodeputados, pelo Presidente do Parlamento Europeu e por quatro representantes da Fundação do Prémio Internacional Carlos Magno, selecionará o vencedor de entre os 27 projectos submetidos pelos júris nacionais até 8 de Abril de 2010.
Os prémios para os três melhores projetos serão entregues pelo Presidente do Parlamento Europeu e por um representante da Fundação do Prêmio Internacional Carlos Magno.
Os representantes dos 27 projetos nacionais serão convidados para a cerimónia de entrega dos prémios, em Aachen, na Alemanha, no dia 11 de Maio de 2010.
Em 2009, Portugal concorreu com o projeto "Cafébabel", de Maria Alcaparra, Mónica Guerreiro, Igor Caldeira e Ana Franco. Criado em 2001 por um grupo de estudantes franceses e Erasmus do Instituto de Estudos Políticos de Estrasburgo, cafebabel.com tornou-se no primeiro magazine europeu multilinguístico (7 línguas, entre as quais o português) sobre a actualidade além-fronteiras, analisando a evolução política e intelectual do continente segundo uma perspectiva europeia

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Que importância pode haver para um povo a popularidade de seus governantes?

A coisa funciona mais ou menos assim: um governo é popular porque cumpre com sua função de bem governar. Em tese, seria este o principal motivo de uma boa popularidade política. Em geral os institutos de pesquisa perguntam à população, genericamente, se aprovam ou não tal governo, se o acham ruim ou não, circunscrevendo a pesquisa a perguntas banais e de pouca profundidade. O resultado é sempre simplório demais: tal governante tem tantos por cento de aprovação, enquanto outro tem tantos por cento de reprovação.
Esta forma de medir os acertos de um governo nunca pode representar a realidade, pois a governabilidade exige tantas nuances, está cheia de tantos detalhes e implicações morais, sociais e políticas, que seria necessário um estudo acurado de suas metas, suas ações concretas, seus fins aparentes e escusos, e se até que ponto a população sabe de tudo e os aprova. Nada disto é visto nessas pesquisas. No final, sabe-se apenas que tal governo é ou não aceito pela maioria da população e nada mais.
Pois bem: mesmo que tudo funcionasse perfeitamente e que isso servisse para medir com exatidão se o governo está agindo corretamente em seus fins – que proveito teria para o povo se os seus governantes são populares ou não? Serviria, no caso daqueles impopulares, para tirá-los do poder, mas tal não ocorre. Seria necessário, isto sim, haver uma espécie de “eleição” às avessas, isto é, todos votariam se o cara deve ou não permanecer no poder. Mas, em nenhum país do mundo, dito democrático, existe essa modalidade de contra-eleição. Em nenhum lugar se tira um governante pelo voto, este serve apenas para colocá-lo no poder.
No Brasil, este afã de se saber a popularidades dos políticos já vem de longe. De que serviu para o povo até hoje? Por acaso, ao saber que são impopulares os governantes melhoram seu desempenho? Ou, pelo contrário, como ocorre hoje, sabendo que são aceitos pela maioria da população, isso por acaso serve para evitar que cometam abusos? Na maioria das vezes, a popularidade confere a certos governantes mais elementos com que se baseiam para agir com mais ímpeto na perseguição de inimigos políticos e na implantação de um sistema despótico de governar. Isso tem se tornado muito comum nos últimos tempos. Vejam o exemplo de Hitler.
Recentemente, uma instituição mexicana de pesquisas divulgou uma delas no que diz respeito aos governantes das Américas. Trata-se de uma empresa de opinião pública, chamada “Mitofsky”, a qual tentou apurar o percentual de aprovação que têm os mandatários dos países americanos. No final, se apresentam os resultados de 17 países. Segundo declararam os autores da pesquisa, o objetivo da mesma foi “como uma medição das percepções dos governados em cada país do estilo de governar e dos resultados gerados pela gestão de seus respectivos governantes”. Como se vê, um objetivo bem genérico e fácil de ser manipulado na pesquisa.
Pela apuração da Mitofsky o dirigente mais popular das Américas seria Ricardo Martinelli, presidente do Panamá, com 91% de aprovação, quase uma unanimidade naquele país. O presidente Lula estaria em terceiro lugar, com 83%, seguido pelo do Chile e da Colômbia, com 81 e 64/% respectivamente. A última colocação na enquête estaria com a presidente da Argentina. Não é preciso dizer que a grande maioria de tais governantes são de esquerda: seriam 10 esquerdistas, dois da centro-esquerda (não sei que diferença faz ser centro-esquerda de ser esquerdista), um centro-liberal, um com uma denominação rara nos dias de hoje, que seria “terceira via”, e três direitistas (Colômbia, México e Canadá).
Um governo foi excluído da pesquisa, não se sabe a razão: trata-se de Hugo Chávez, da Venezuela. Que é de esquerda, todos sabem; que é popular, muitos dizem que é, mas se essa popularidade vem decrescendo ou não, pouco se sabe. A empresa de pesquisa também o desconhece oficialmente, dizendo que há “falta de informações”. Também foram excluídos Honduras e República Dominicana, pelas mesmas razões.
A Consultoria Mitofsky é a empresa líder no México no campo da investigação de opinião pública nos últimos vinte anos. Sua tarefa principal é a consultoria especializada em estudos de mercado e de opinião pública através de medições de atitudes, valores e características de diversos estratos sociais.
Constatada a popularidade de uns, e a impopularidade de outros, perguntamos: que benefício isso representa para os povos daqueles países? Serviu para reforçar o poder dos populares e enfraquecer dos impopulares, mas não houve nenhum ganho da população em melhorar o desempenho de tais governantes. Os populares apenas tornaram-se mais fortes em seus partidos e na condução de expedientes muitas vezes até contrários aos desejos dos seus povos, enquanto os impopulares, enfraquecidos, mesmo assim não mudaram em nada sua forma de governar, como vem ocorrendo com a Argentina.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Profanação da Eucarisia deve provocar desgosto ou indignação entre católicos?

Deborah Formal é noiva de um ex-candidato a presidente da Costa Rica, e numa Missa havida na capital daquele país dirigiu-se para receber a Sagrada Espécie, na Comunhão, comeu um pequeno pedaço da Hóstia e, logo em seguida, depositou o restante da partícula no bolso da camisa do seu noivo. Vê-se pelo vídeo abaixo que antes de receber a sagrada partícula, Deborah Formal conversa qualquer coisa com o celebrante, Monsenhor Hugo Barrantes, arcebispo de San José, parecendo que pedia permissão para dar da Hóstia ao seu noivo, pois, segundo notícia da ACI Prensa, o mesmo é divorciado, o que o impedia de comungar. A notícia diz que isto vem causando desosto entre os católicos da Costa Rica, mas perguntamos: tal gesto só ocasiona desgosto ou, muito mais que isso, indignação?

Nossa Senhora de Lourdes e a Imaculada Conceição

Santa Bernardete Soubirous! Este nome evoca uma das maiores maravilhas do ciclo de aparições de Nossa Senhora, exatamente aquela que se proclamou: "Eu sou a Imaculada Conceição!". Dogma que foi proclamado oficialmente pela Igreja e confirmado pela própria Virgem Maria nas aparições de Lourdes. O corpo da Santa permanece incorrupto até os dias atuais, como se vê na foto abaixo.

Hoje, 11 de fevereiro, comemora-se 152 anos das aparições de Lourdes, e para relembrar o evento os Arautos do Evangelho estão divulgando em seu site um histórico sobre Lourdes, além do vídeo que reproduzimos abaixo. A Zenit deu o seguinte informe sobre a data:

A presença das relíquias de Santa Bernardette (1844-1879), na Basílica de Santa Maria a Maior, em Roma, atraiu milhares de fiéis devotos, procedentes de diferentes partes do mundo.

Para comemorar o Dia Mundial do Doente e a festa de Nossa Senhora de Lourdes, realizou-se em Roma uma procissão do Castelo de Santo Ângelo até a Praça de São Pedro. O Papa celebrou uma Missa por ocasião deste dia, com a presença da imagem de Nossa Senhora de Lourdes.

Mas o que Santa Bernardette tem de especial, além de ter sido testemunha ocular das aparições de Nossa Senhora de Lourdes há 152 anos?

Sobre este tema falou o bispo dessa diocese, Jaques Perrier, em um encontro com a imprensa realizado na Santa Sé, onde foram dadas a conhecer as celebrações por ocasião dos 25 anos do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde.

Apóstola dos doentes e dos enfermeiros

A figura desta santa tem muito a dizer à pastoral da saúde.

Segundo Dom Perrier, Bernardette era a “doente” preferida de um dos seus médicos. A santa contraiu cólera quando era criança e, como consequência disso, sofreu de asma pelo resto da vida. Além disso, sendo religiosa, sofreu de um tumor na perna, extremamente doloroso, que a fazia mancar.

Dom Perrier assegurou que a santa “assumiu a condição de paciente, sem queixa” e disse que humanamente “detestava o sofrimento”, mas nunca se rebelou; “aceitou sofrer em união com Cristo”, não por masoquismo, e sim com uma verdadeira visão de sacrifício.

Além disso, Bernardette foi uma “enfermeira exemplar”, que cuidava das suas irmãs de comunidade no convento das Filhas da Caridade de Nevers, na França, onde ingressou em 1866, oito anos depois de ter recebido as revelações de Nossa Senhora.

O prelado destacou da santa seu “senso de humor”, assim como sua caridade com as irmãs doentes.

Necessidade da fé para a cura

Durante as aparições, Bernardette encontrou, por indicação da Virgem, um manancial de água milagrosa – visitado até hoje por milhares de pessoas doentes procedentes do mundo inteiro.

Tal água foi analisada por diversos laboratórios independentes que comprovaram que sua composição é normal. No entanto, desde então ocorreram mais de 2.500 curas inexplicáveis para a ciência, das quais 66 foram reconhecidas oficialmente como milagrosas pela Santa Sé.

Falando sobre isso, o bispo recordou como Jesus, antes de curar o paralítico, disse primeiro: “Teus pecados são perdoados”. Mas também o curou.

E afirmou como estas curas estão “em comunhão com a perspectiva evangélica” e com a fé que os doentes têm ao aproximar-se dos mananciais. Inclusive, assegurou o prelado, os pacientes que não são curados fisicamente “não voltam de Lourdes decepcionados ou desesperados”, mas aceitam a vontade de Deus.

Papas em Lourdes

Dom Perrier indicou também a devoção especial dos últimos pontífices ao santuário de Lourdes.

O bispo confessou a Zenit que João Paulo II, apesar de sempre citar Częstochowa e Fátima quando falava dos santuários marianos, afirmava que Lourdes estava “sempre no primeiro lugar da lista”.

O prelado afirma que é necessário que os que estão envolvidos com a pastoral da saúde releiam os discursos que João Paulo II pronunciou aos doentes durante sua viagem a Lourdes em 1983, dois anos depois de ter sofrido o atentado na Praça de São Pedro: “O Papa falava com conhecimento de causa; seus discursos não foram idealistas”, disse.

João Paulo II viajou novamente a Lourdes em 2004. Esta foi sua última viagem fora da Itália. Este fato, revelou, “foi um grandíssimo consolo para os deficientes e doentes com condições muito limitadas”.

O bispo recordou também a viagem de Bento XVI em 2008, por ocasião da celebração dos 150 anos das aparições em Lourdes, onde administrou, no dia 15 de setembro, o sacramento da unção dos enfermos a 12 doentes de diferentes idades e condições.

“Bento XVI permanecerá na história como o Papa que deu publicamente a unção dos enfermos”, concluiu o prelado.


Assista, abaixo, o vídeo dos Arautos sobre Lourdes



Sobre o dogma da Imaculada Conceição, transcrevemos abaixo um artigo publicado por Dr. Plínio no mensário "Catolicismo" em fevereiro de 1958:

Primeiro marco do ressurgimento contra-revolucionário

Plinio Corrêa de Oliveira

A 11 deste mês de fevereiro, transcorrerá o centenário da primeira das aparições de Lourdes.
O fato, na singeleza de suas linhas mais essenciais, ninguém o ignora. Em 1854, pela Bula "Ineffabilis", o grande Papa Pio IX definia como dogma a Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Em 1858, de 11 de fevereiro a 16 de julho, Nossa Senhora aparecia dezoito vezes, em Lourdes, a uma filha do povo, Bernadette Soubirous, declarando ser a Imaculada Conceição. A partir dessa ocasião, tiveram início os milagres. E a grande maravilha de Lourdes começou a brilhar aos olhos de todo o mundo, até nossos dias. O milagre confirmando o dogma, eis em resumo a relação entre o acontecimento de 1854 e o de 1858.
O que, entretanto, é menos conhecido pelo grande público é a relação desses dois grandes fatos com os problemas dos meados do século XIX, tão diversos dos de hoje, mas ao mesmo tempo tão e tão parecidos com eles.
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Ao definir o dogma da Imaculada Conceição, o Papa Pio IX despertou em todo o orbe civilizado repercussões ao mesmo tempo díspares e profundas.
De um lado, em grande parte dos fiéis, a definição do dogma suscitou um entusiasmo imenso. Ver um Vigário de Jesus Cristo erguer-se na plenitude e na majestade de seu poder, para proclamar um dogma em pleno século XIX, era presenciar um desafio admiravelmente sobranceiro e arrojado ao ceticismo triunfante, que já então corroia até as entranhas a civilização ocidental. Acresce que esse dogma era marial. Ora, o liberalismo, outra praga do século XIX, tende por sua própria natureza ao interconfessionalismo, à afirmação de tudo o que as várias religiões têm em comum ( o que em última análise se reduz a um vago deísmo ), e a uma subestimação, quando não a uma formal rejeição de tudo quanto as separa. Assim, a proclamação de um novo dogma mariano - precisamente como ocorreu em alguns arraiais com a definição recente da Assunção - se afigurava aos interconfessionalistas ocultos ou declarados de 1854 uma séria e inesperada barreira para a realização de seus desígnios. Mais ainda, o novo dogma, em si mesmo considerado, chocava a fundo o espírito essencialmente igualitário da Revolução que, a partir de 1789, reinava despoticamente no Ocidente. Ver uma simples criatura de tal maneira elevada sobre todas as outras, por um privilégio inestimável, concedido no primeiro instante de seu ser, é coisa que não podia nem pode deixar de doer aos filhos da Revolução que proclamava a igualdade absoluta entre os homens como o princípio de toda ordem, de toda justiça e de todo bem. Aos não-católicos, como aos católicos mais ou menos infectados do espírito de 1789, doía-lhes aceitar que Deus tivesse instalado com tanto realce, na Criação, um elemento de tão caracterizada desigualdade.
Por fim, a própria natureza do privilégio é antipática para espíritos liberais. Se alguém admite o pecado original com toda a seqüela de desregramentos da alma e misérias do corpo que ele acarretou, há de aceitar que o homem precisa de uma autoridade, a cujo império tem de viver sujeito. Ora, a definição da Imaculada Conceição implicava numa reafirmação implícita do ensinamento da Igreja a este respeito.
Todavia, por mais que tudo isto seja, não estava só nisto o que ousaríamos chamar o sal do glorioso acontecimento da definição do dogma. É impossível pensar na Virgem Imaculada sem ao mesmo tempo lembrar a serpente cuja cabeça Ela esmagou triunfal e definitivamente com o calcanhar. O espírito revolucionário é o próprio espírito do demônio, e seria impossível, para uma pessoa de fé, não reconhecer a parte que o demônio tem no aparecimento e na propagação dos erros da Revolução, desde a catástrofe religiosa do século XVI até a catástrofe política do século XVIII e tudo quanto a esta se seguiu. Ora, ver assim afirmado o triunfo de sua máxima, de sua invariável, de sua inflexível inimiga, era, para o poder das trevas, a mais horrível das humilhações. De onde um concerto de vozes humanas e rugidos satânicos por todo o mundo, semelhante a uma imensa e fragorosa tempestade. Ver que contra essa tempestade de paixões inconfessáveis, de ódios ameaçadores, de desesperos furiosos, se erguia só, e intrépida, a figura majestosa do Vigário de Cristo, desarmada de todos os recursos da terra e fiada apenas no auxílio do Céu, era fonte, para os verdadeiros católicos, de um júbilo igual ao que sentiram os Apóstolos vendo erguer-se, na tempestade desencadeada sobre o Lago de Genesareth, a figura divinamente varonil do Salvador, a comandar soberanamente os ventos e o mar: "venti et mare oboediunt ei" ( Mt. 8, 27 ).
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Assim como diante dos hunos se deixaram derrotar ou debandaram todos os generais e governadores do Império Romano, assim também, diante da Revolução, estavam em deplorável derrota ou debandada, em número incontável, os que na sociedade temporal deveriam defender a Igreja e a civilização cristã.
Nesta situação, de uma nobre e solene dramaticidade, Pio IX, como São Leão Magno, era o único a enfrentar o adversário e a lhe impor a retirada.
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Recuar? A proposição parece ousada. Entretanto, nada mais verdadeiro. A partir de 1854, a Revolução começou a sofrer suas grandes derrotas.
É certo que, na aparência como na realidade, ela continuou a desenvolver seu império sobre a terra. O igualitarismo, a sensualidade, o ceticismo foram alcançando vitórias sempre mais radicais e extensas. Mas algo de novo surgiu. E este algo, que é modesto, apagado, insignificante de aspecto, por sua vez vem crescendo incoercivelmente e acabará por matar a Revolução.
Para compreender bem este ponto fundamental, cumpre ter em mente o papel da Igreja na História, e da devoção a Nossa Senhora, na Igreja.
A Igreja é, nos planos de Deus, o centro da História. É a Esposa Mística de Cristo, que Ele ama com amor único e perfeito, e à qual quis sujeitar todas as criaturas. Claro está que o Esposo nunca abandona a Esposa, e que é sumamente cioso da glória dEla.
Assim, na medida em que seu elemento humano se conserva fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja nada deve temer. Até as maiores perseguições servirão à sua glória. E as honras e prosperidades mais marcadas não esmorecerão no povo fiel o senso do dever e o amor à Cruz. Isto no plano espiritual.
De outro lado, no plano temporal, se os homens abrirem sua alma à influência da Igreja, estará franqueado a eles o caminho de todas as prosperidades e grandezas. Pelo contrário, se a abandonarem, estarão na trilha de todas as catástrofes e abominações. Para um povo que chegou a pertencer ao grêmio da Igreja, só há uma ordem de coisas normal, que é a civilização cristã. E essa civilização, superior a todas as outras, tem por princípio vital a Religião Católica.
AS CONDIÇÕES DE FLORESCIMENTO DA IGREJA
Por sua vez, há para a Igreja três condições de florescimento tão essenciais, que se avantajam sobre todas as outras. Delas já tenho falado muito. Nunca, porém, será suficiente insistir.
Antes de tudo, está a piedade eucarística. Nosso Senhor presente no Santíssimo Sacramento é o sol da Igreja. DEle nos vêm toda as graças. Mas estas graças têm de passar por Maria. Pois é Ela a Medianeira universal, por Quem vamos a Jesus, e por Quem Jesus vem a nós. A devoção marial intensa, esclarecida, filial, é pois a segunda condição para o florescimento da virtude. Se Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento está presente, mas não nos fala, sua voz se faz ouvir para nós através do Sumo Pontífice. De onde a docilidade ao Sucessor de São Pedro é o fruto próprio e lógico da devoção à Sagrada Eucaristia e a Nossa Senhora.
Quando, pois, estas três devoções florescem, cedo ou tarde a Igreja triunfa. E, a contrario sensu, quando elas estão em declínio, cedo ou tarde a civilização cristã decai.
A IMACULADA CONCEIÇÃO
De há muito, vinham sendo os meios católicos da Europa e da América trabalhados por uma verdadeira lepra, que era o jansenismo. Essa heresia tinha em mira precisamente enfraquecer a Igreja, minando a devoção ao Santíssimo Sacramento sob as aparências de um falso respeito. Exigia tais disposições para que se aproximasse alguém da Sagrada Mesa, que as pessoas, infelizmente muito numerosas, por ela influenciadas, deixavam quase completamente de comungar. De outro lado, o jansenismo movia uma campanha insistente contra a devoção a Nossa Senhora, que acusava de desviar de Jesus Cristo, em lugar de conduzir a Ele. E, por fim, essa heresia movia luta incessante contra o Papado, e especialmente contra a infalibilidade do Sumo Pontífice.
A definição do dogma da Imaculada Conceição foi o primeiro dos grandes reveses sofridos pelo inimigo interno. Com efeito, nasceu daí uma imensa caudal de piedade mariana, que se vem avolumando cada vez mais.
Para provar que tudo nos vem por Maria, quis a Providência que fosse marial o primeiro grande triunfo.
LOURDES
Mas, para glorificar ainda melhor sua Mãe, Nosso Senhor fez mais. Em Lourdes, como estrondosa confirmação do dogma, fez o que nunca antes se vira: instalou no mundo o milagre por assim dizer em série e a título permanente. Até então, o milagre aparecera na Igreja esporadicamente. Mas em Lourdes, as curas mais cientificamente comprovadas e de origem mais autenticamente sobrenatural se dão, há cem anos, a bem dizer a jato contínuo, à face de um século confuso e desnorteado.
A INFALIBILIDADE
Deste braseiro de fé, aceso com a definição da Imaculada Conceição, desprendeu-se, como uma chama, um imenso anelo. Os melhores, os mais doutos, os mais qualificados elementos da Igreja desejavam a proclamação do dogma da infalibilidade papal. Mais do que ninguém, queria-o o grande Pio IX. E da definição deste dogma veio para o mundo um surto de devoção ao Papa que constituiu para a impiedade nova derrota.
A SAGRADA EUCARISTIA
Por fim, veio o pontificado de São Pio X, e com ele o convite aos fiéis para a comunhão freqüente e até diária, bem como para a comunhão das crianças. E a era dos grandes triunfos eucarísticos começou a brilhar radiosa, para toda a Igreja.
Com tudo isto, a atmosfera jansenista foi varrida de dentro dos meios católicos. O surto modernista e, mais tarde, o surto neo-modernista não conseguiram anular as grandes vitórias que a Igreja alcançara contra seus adversários internos.
UM TRIUNFO IMENSO E FRUSTRADO
Mas, poder-se-ia perguntar, o que resultou daí, para a luta da Igreja com seus adversários externos? Não se diria que o inimigo está mais forte do que nunca, e que nos aproximamos daquela era, sonhada pelos iluministas há tantos séculos, de naturalismo científico cru e integral, dominado pela técnica materialista; da república universal ferozmente igualitária, de inspiração mais ou menos filantrópica e humanitária, de cujo ambiente sejam varridos todos os resquícios de uma religião sobrenatural? Não está aí o comunismo, não está aí o perigoso deslizar da própria sociedade ocidental, pretensamente anticomunista, mas que no fundo também caminha para a realização deste "ideal"?
Sim. E a proximidade deste perigo é até maior do que geralmente se pensa. Mas ninguém atenta para um fato de importância primordial. É que enquanto o mundo vai sendo modelado para a realização deste sinistro desígnio, um profundo, um imenso, um indescritível mal-estar se vai apoderando dele. É um mal-estar muitas vezes inconsciente, que se apresenta vago e indefinido até mesmo quando é consciente, mas que ninguém ousaria contestar. Dir-se-ia que a humanidade inteira sofre violência, que está sendo posta em uma forma que não convém à sua natureza, e que todas as suas fibras sadias se contorcem e resistem. Há um anseio imenso por outra coisa, que ainda não se sabe qual é. Mas, enfim, fato talvez novo desde que começou, no século XV, o declínio da civilização cristã, o mundo inteiro geme nas trevas e na dor, precisamente como o filho pródigo quando chegou ao último da vergonha e da miséria, longe do lar paterno. No próprio momento em que a iniqüidade parece triunfar, há algo de frustrado em sua aparente vitória.
A experiência nos mostra que é de descontentamentos assim que nascem as grandes surpresas da História. À medida que a contorção se acentuar, acentuar-se-á o mal-estar. Quem poderá dizer que magníficos sobressaltos daí podem provir?
No extremo do pecado e da dor, está muitas vezes, para o pecador, a hora da misericórdia divina...
Ora, este sadio e promissor mal-estar é, a meu ver, um fruto da ressurreição da fibra católica com os grandes acontecimentos que acima enumerei, ressurreição esta que repercutiu favoravelmente sobre o que havia de restos de vida e de sanidade em todas as áreas de cultura do mundo.
O GRANDE MOMENTO HISTÓRICO
Foi por certo um grande momento, na vida do filho pródigo, aquele em que seu espírito embotado pelo vício adquiriu nova lucidez, e sua vontade novo vigor, na meditação da situação miserável em que caíra, e da torpeza de todos os erros que o haviam conduzido para fora da casa paterna. Tocado pela graça, encontrou-se, com mais clareza do que nunca, diante da grande alternativa. Ou arrepender-se e voltar, ou perseverar no erro e aceitar até o mais trágico final as suas conseqüências. Tudo quanto uma educação reta nele implantara de bom, como que renascia maravilhosamente nesse instante providencial. Enquanto, de outro lado, a tirania dos maus hábitos nele se afirmava quiçá mais terrível do que nunca. Deu-se o embate interno. Ele escolheu o bem. E o resto da história, pelo Evangelho o conhecemos.
Não nos estaremos aproximando desse momento? Todas as graças acumuladas para a humanidade pecadora por esse novo surto de devoção à Sagrada Eucaristia, a Nossa Senhora e ao Papa não produzirão, precisamente nos lances trágicos de uma crise apocalíptica que parece inevitável, a grande conversão?
O ENSINAMENTO DE LOURDES
O futuro, só Deus o conHece. A nós, homens, é lícito entretanto conjeturá-lo segundo as regras da verossimilhança.
Estamos vivendo uma terrível hora de castigos. Mas esta hora também pode ser uma admirável hora de misericórdia. A condição para isto é que olhemos para Maria, a Estrela do Mar, que nos guia em meio às tempestades.
Durante cem anos, movida de compaixão para com a humanidade pecadora, Nossa Senhora tem alcançado para nós os mais estupendos milagres. Esta piedade se terá extinguido? Têm fim as misericórdias de uma Mãe, e da melhor das mães? Quem ousaria afirmá-lo? Se alguém duvidasse, Lourdes lhe serviria de admirável lição de confiança. Nossa Senhora há de nos socorrer.
LOURDES E FÁTIMA
Há de nos socorrer. Expressão em parte verdadeira, e em parte falsa. Pois na realidade Ela já começou a nos socorrer. A definição dos dogmas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal, a renovação da piedade eucarística, têm seu prosseguimento nos fastos mariais dos pontificados subseqüentes a São Pio X. Nossa Senhora apareceu em Fátima sob Bento XV. Precisamente no dia em que Pio XII era sagrado Bispo, 13 de maio de 1917, deu-se a primeira aparição. Sob Pio XI, a mensagem de Fátima se foi espraiando suave e seguramente por toda a terra. Nessa mesma ocasião, o 75º aniversário das aparições de Lourdes foi festejado pelo Sumo Pontífice com invulgar júbilo, tendo ele delegado o então Cardeal Pacelli para o representar nas festividades. O pontificado de Pio XII se imortalizou pela definição do dogma da Assunção e pela Coroação de Nossa Senhora como Rainha do Mundo. Nesse pontificado, o Emmo. Cardeal Masella, tão caro aos brasileiros, coroou em nome do Papa Pio XII a Imagem da Santíssima Virgem em Fátima.
São outras tantas luzes que, da gruta de Massabielle à Cova da Iria, constituem um fio brilhante.
E este artigo se detém em Fátima. Nossa Senhora delineou perfeitamente, em suas aparições, a alternativa. Ou nos convertemos, ou um tremendo castigo virá. Mas, no fim, o Reinado do Imaculado Coração se estabelecerá no mundo.
Em outros termos, de qualquer maneira, com mais ou com menos sofrimentos para os homens, o Coração de Maria triunfará.
O que quer dizer, afinal, que de acordo com a Mensagem de Fátima, os dias do domínio da impiedade estão contados. A definição do dogma da Imaculada Conceição marcou o início de uma sucessão de fatos que conduzirá ao Reinado de Maria.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mosteiro de São Bento, da Bahia, lança site com 20 livros raros digitalizados

Acaba de ser divulgada uma boa notícia para o mundo da cultura: o Mosteiro de São Bento da Bahia vai disponibilizar um site, a partir do dia 4, de Livros Raros reunindo inicialmente 20 obras que fazem parte do acervo do mosteiro. Foram digitalizados livros do século XVII e XIX, restaurados e digitalizados em parceria com a Secretaria de Cultura da Bahia. Entre as raridades estão seis volumes dos Sermões do Padre Vieira. O projeto é de grande envergadura, pois prevê a melhoria e conservação de todo o acervo com quase 300 mil livros, um dos maiores do Brasil.
Os outros livros raros digitalizados são:
'Seleção de Questões Disputadas sobre a Metafísica e os Ensinamentos de Aristóteles' (1685)
'Theatro Crítico de Freijó' (1876), dedicado ao Sr. Infante de España Dom Carlos de Bourbon e Farnefio
'Colleção dos Breves Pontifícios', e 'Leys Regias', expedidos e publicados desde 1714
Na apresentação do Projeto, dentro do site, pode-se ver o texto abaixo:

Apresentação

O historiador britânico Peter Burke disse, certa vez, que para compreender a história é necessário saber mergulhar sob suas ondas. Por isso, para entender a dimensão da importância do conteúdo que doravante será disponibilizado neste site, deve-se voltar ao passado da nossa Arquiabadia. Uma história repleta de homens valorosos, impregnados de espírito evangélico.
Desde a Idade Média, a Biblioteca é um dos quatro pilares de uma Abadia Beneditina, de acordo com o bastante conhecido provérbio medieval: claustrum sine armario quase castrum sine armamentarium. (Mosteiro sem biblioteca é como quartel sem arsenal). Formam os outros pilares, a igreja, o capítulo e o claustro.
Nossa Biblioteca foi uma das primeiras constituídas no país. O fato é que a real história da Biblioteca do Mosteiro de São Bento da Bahia, com todos os seus meandros, intercursos e “ondas” está em eterna construção. Assim como é possível inferir acerca da sua gênese, também nos é permitido propor quando os livros começaram a compor nosso proto-acervo, muitos deles, como era comum, com a finalidade de uso pessoal.
Em 1582, chegaram a Salvador, vindos da Abadia de São Martinho de Tibães – no distrito de Braga, Portugal – Fr. Antônio Ventura e, junto com ele, vieram Fr. Pedro Ferraz, Fr. João Porcalho, Fr. Plácido da Esperança, Fr. Manoel de Mesquita, Fr. José, Fr. Francisco, Fr. João e Fr. Bento. Esquivando-nos do rigor historiográfico e confiando muito mais em nossa tradição, cremos que resta pouca dúvida não supor que esses varões não trouxeram consigo pelo menos dois livros: A Biblia e a Regra de São Bento – sem citar os missais e breviários. Isso porque, sem esses impressos, pouco poderiam fazer para realizar o culto divino e o estabelecimento da vida beneditina de terra ainda jovem.
No século XVIII – ainda pertencendo a Congregação Beneditina Portuguesa – esta Arquiabadia, assim como as Abadias do Rio de Janeiro e Olinda, passaram a ter os cursos de Teologia e Filosofia, seguindo o programa e estatutos da Universidade de Coimbra. Na Bahia, após o noviciado havia um curso de Humanidades, com duração de 2 anos. A grade curricular continha: Latim, Grego, Hebraico, História Universal e Antiguidades, Mitologia. Ao fim desta formação, seguiam-se três anos de Filosofia e mais quatro anos de Teologia. Para seguir o rigoroso plano de estudos de Coimbra, numa época em que ter livros próprios era algo para poucos e ainda menos para religiosos, a Biblioteca do Mosteiro da Bahia certamente foi enriquecida de obras que pudessem servir de “literatura básica” para essa formação. O reflexo dessa “era” pode ser claramente notado numa simples e rápida circulação entre as estantes da atual “Casa da Livraria” – para usarmos um sinônimo muito corrente à época.
A preocupação em aumentar e, principalmente, preservar o acervo bibliográfico de nossa Arquiabadia sempre foi, e continuará sendo, objeto de grande importância para os monges. Prova disto é a declaração de Dom Abade Majolo de Caigny, em meados de 1913, onde se lê: “aumentei nossa biblioteca, depois de tê-la melhorado, comprando todos os anos bom número de livros modernos; limpei e conservei os vetustos e quase carcomidos”. Mais de 90 anos depois, ainda com o empenho de salvaguardar esse precioso patrimônio bibliográfico, já no abaciado de Dom Arquiabade Emanuel d’Able do Amaral, sob os generosos auspícios da Fundação Odebrecht, foi inaugurada uma nova área para guarda dos livros e um moderno Laboratório de Conservação e Restauração de Papel.
Como fruto desse passado, a nossa Biblioteca de Livros Raros hoje possui cerca de 13.000 volumes, e os 20 livros que serão apresentados neste site fazem parte desse contexto. Um contexto histórico representado por momentos marcantes tanto para o Mosteiro como para história luso-brasileira; e de uma preocupação em preservar nosso patrimônio e compartilhar com a sociedade esse conhecimento.
Portanto, o Fundo de Cultura da Bahia, ao selecionar nosso projeto – dentre outros de igual quilate – conferiu apoio para que esse patrimônio continue em condições de chegar a outras gerações e às mãos dos pesquisadores nele interessados. Ademais, nos ajuda – como herdeiros – nesse honroso papel de guardiães desses livros.
Desta forma, gostaríamos de agradecer o apoio técnico em restauração da Fundação Casa de Rui Barbosa, nominalmente agradecemos a Profa. Dra. Maria Luiza Soares e aos especialistas Cristina Joly e Edmar Moraes Gonçalves. No âmbito da Biblioteconomia recorremos às orientações técnicas do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras (PLANOR). E, graças à generosa ajuda do Prof. Dr. Luiz Felipe Baêta Neves, graças à qual nos foi possível esclarecer alguns meandros Vieirianos para a descrição das obras restauradas.
Este projeto atingiu dois focos da preservação de acervos, isto é, a restauração dos livros proporcionou a conservação do suporte, e a digitalização promoveu a preservação do conteúdo informacional, o que a reboque, como que num ciclo “virtuoso”, preservará o próprio documento.
Ainda que tenhamos uma longa caminhada pela frente para dar as mesmas condições aos demais livros do acervo raro, essas 20 obras ora disponibilizadas representam de maneira simbólica – também em função da escolha dos títulos – nosso desejo de intensificar a disponibilização integral do acervo para consulta.
Que o amor e zelo pelos livros que herdamos de Nosso Pai São Bento continue a mover as gerações futuras de monges!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A gênese do cangaço

Conforme Dom Duarte Leopoldo e Silva , a revolta pernambucana de 1817, foi uma revolução de padres. A lista dos que participaram do movimento abrange, no avultado número, cônegos e governadores do Bispado, vigários e coadjutores, regulares e seculares, dos quais dois se suicidaram, quatro foram supliciados e muitos condenados à pena comum de prisão.
Entre os prisioneiros havia 57 religiosos. Todos ou quase todos esses padres eram membros das sociedades secretas, reunidas sob as denominações de “academias” ou “areópagos”, onde se cultivavam as idéias libertárias da Revolução Francesa. Tem-se dito que essas lojas maçônicas eram simplesmente “nacionalistas”, como ao depois pretenderam e pretendem se passar como simples entidades filantrópicas. Como quer que seja, é certo que, à sombra do mistério que as envolvia, se desenvolveram doutrinas absolutamente contrárias à ortodoxia católica que, a seu tempo, se encontraram em campo aberto contra a Igreja.
Dom Duarte comenta em sua obra que “o espírito de tolerância que, então como hoje, apregoavam os adeptos dos “mistérios democráticos”, bem lhes serviu para iludir incautos e até sacerdotes, ilustres talvez nas ciências profanas, mas ignorantes das ciências eclesiásticas, pouco ou nada cultivadas em um país que não possuía seminários regulares bem dirigidos. Os poucos que, em Portugal, iam beber as ciências eclesiásticas, voltavam ainda mais contaminados”. A fumaça de Satanás, no dizer de Paulo VI em relação à crise religiosa do século XX, já penetrava no santuário desde longas datas, como se vê.
Por diversas cidades nordestinas, do interior e das capitais, pregavam essas dezenas de padres a revolta libertária e a implantação de uma república. Da mesma forma como no século XX o clero progressista pregava a Teologia da Libertação, com a diferença que hoje pregam o socialismo utópico enquanto naqueles tempos apregoavam a derrocada da monarquia e a implantação da república.
O centro daquele movimento era uma loja maçônica denominada “Areópago de Itambé”, criada no fim do século XVIII pelo padre Arruda Câmara. Este religioso teve sua formação religiosa inteiramente deturpada pelos ideais libertários da Revolução Francesa, ainda fumegante, e que a trouxe para o seminário de Olinda, fundado por ele em 1800 e tinha na sua direção outro padre revolucionário, Miguel Joaquim de Almeida Castro, estreitamente ligado ao “Areópago de Itambé”. O movimento era contestatório contra Dom João VI e diz-se que agia sob a inspiração de Napoleão Bonaparte. Na mesma época, o desventurado falso imperador estava preso na Ilha de Santa Helena, muito próxima do Brasil, o que inspirou aos idealizadores do “areópago” um plano para libertá-lo e aclamá-lo como nosso imperador.
O movimento fracassou, como se sabe, e os cabeças foram punidos. Mas, quais as seqüelas deixadas na região onde pregaram, e até pegaram em armas, tais sacerdotes? De tudo isto resultou, naquela região, a disseminação de uma grande centelha de ódio, a violência entre famílias, o espírito de vingança e, finalmente, o tão famigerado cangaço!
Um dos membros da agitação foi o sub-diácono José Martiniano de Alencar, pai do famoso romancista do mesmo nome, filho de Bárbara de Alencar, ardorosa revolucionária da cidade do Crato, no Ceará. Posteriormente, o sub-diácono foi ordenado sacerdote, teve vida irregular como religioso, casou-se, foi suspenso de ordens, e participou de outro movimento revolucionário em 1824, a “Confederação do Equador”, também liderada por um padre.
Quando estourou a revolta de 1817, com Bárbara de Alencar e seu filho como os principais mentores dela na cidade do Crato, houve muita violência e mortes. Destas escaramuças se originaram rixas de famílias que perduraram por mais de um século, e algumas perduram até hoje.
Conforme o escritor cearense Nertan Macedo, especialista em Lampião, o cangaço não teve origem no século XX, mas desde os primórdios do século XIX, exatamente logo após a revolta de 1817. Os revoltosos que fugiam das tropas do governo se embrenhavam pelas matas e passavam a levar vida de bandidos, saqueando e matando. Nertan Macedo pesquisou em detalhes a origem do bando de Lampião, que começou na cidade de Flores (PE). Um dos patriarcas da cidade, que era um capitão-mor das ordenanças, chamado Joaquim Nunes de Magalhães, foi assassinado no ano de 1838 por um da família dos Carvalho. As divergências entre estas duas famílias vinham desde o tempo da guerra de 1817, quando elas se dividiram entre conservadoras e liberais, a favor e contra a monarquia.
No entanto, o cangaceiro mais antigo de que se notícia é Jesuíno Alves de Melo, ou “Jesuíno Brilhante”, morto no ano de 1879. Não se sabe mais detalhes, diz-se apenas que nasceu em 1844, no Rio Grande do Norte, mas não se fala se já aderiu a algum bando de cangaceiros que existia por lá ou se formou um deles. Isto não impede que a tese de Nertan Macedo não esteja correta, pois é bem provável que todo cangaceiro, a maneira de Lampião, já encontrara um bando formado e a ele aderira, tornando-se o mais esperto a ser o líder do grupo. Assim, passados apenas algumas décadas após as revoluções de 1817 e 1824, seus reflexos podem muito bem ter originado o surgimento desses bandos de criminosos, só tomando forma definitiva de cangaço na época de Jesuíno Brilhante.
O grupo dos Pereira assumiu, logo após aquelas revoluções, a direção de um bando que se refugiava nas matas para evitar o confronto direto com a família rival. Ao longo dos anos, este grupo foi crescendo e ficando famoso por suas ações criminosas, ataques a fazendas, saques e assassínios. Da guerra entre famílias se passou facilmente para o cangaço. Quando Lampião assumiu a direção de seu grupo já contava este com 67 homens, dirigidos sempre por indivíduos mais aguerridos e líderes, que se sucediam ao longo dos anos. Quem foi o antecessor de Lampião? Não se sabe, não se fala quem foi porque não há dados, ninguém ainda fez uma pesquisa sobre o assunto.
Vimos, então, que a atuação do Clero revolucionário nada mais fez do que acender uma centelha de ódio, alimentando rixas de famílias sob o pretexto da revolução libertaria. É o fruto mais remoto da atuação de tais religiosos que tão tristes recordações deixaram no Brasil: a de terem inspirado a vida aventurosa e criminosa de cangaceiros. Diz-se, inclusive, que alguns apetrechos da indumentária dos cangaceiros, como o chapéu virado com a aba para a frente e as cartuchei-ras cruzadas no peito, foram inspirados nos soldados de Napoleão, o pretenso protetor do “Areópago de Itambé”.

Bibliografia

• “O Clero e a Independência” – Dom Duarte Leopoldo e Silva – Centro Dom Vital, Rio, 1823.
• “História do Brasil” – Luiz Koshiba e Denize Manzi Fryze Pereira – Atual Editora.
• “A Vida de José de Alencar” – Luís Viana Filho – Livraria José Olym-pio Editora, 1978.
• “Capitão Virgulino Ferreira Lampião” – Nertan Macedo – Editora Lei-tura S. A.

O que ganha o Brasil com o crescimento da produção científica?

É comum os rádios, os jornais e as TVs se referirem a temas atuais com os dizeres: “segundo entendidos no assunto”, “conforme experts”, ou então, “conforme experiências científicas”, “segundo estudos” , etc., etc.; estas expressões são bastante para sacramentar qualquer afirmação na mídia. Se há uma “confirmação” científica, um estudo, um trabalho de ciência, o cara pode acreditar que a notícia é séria. Será mesmo?
O que é uma pesquisa científica? Trata-se do resultado de um trabalho, em geral universitário, que é fruto de estudos detalhados e conclusivos sobre alguma descoberta, melhoramento das existentes ou qualquer aperfeiçoamento das atividades tecnológicas. Assim, uma pesquisa para atingir o estágio de ser chamado de “cientista” necessita passar por vários crivos, análises, críticas e publicações especializadas. Tudo parece ser muito sério, mas demos uma análise sobre o que a mídia publica sobre o assunto: há pesquisas publicadas sobre tudo neste mundo, sobre os males ou os benefícios que faz o uso do café, do cigarro, das bebidas, das drogas, etc., além de uma infinidade de outras, muitas das quais de natureza pouco relevantes, como, por exemplo, sobre filmes de terror, qualidade das graxas e óleos lubrificantes, uso do cinto de segurança, e por aí vai. No mesmo dia a mídia publica pesquisas contraditórias: uma diz que o café faz mal a saúde e outra diz o contrário; uma diz que os índios causam devastação nas matas e outra que os índios são protetores das florestas. As únicas pesquisas que coincidem (parecendo haver acordo entre os pesquisadores) são as mentirosas consultas pré-eleitorais, porém estas não têm valor científico, não são publicadas em revistas especializadas nem adquirem o caráter tão sério como as demais. São apenas consultas pré-eleitorais para se aguçar a curiosidade de qual candidato desfruta da maior preferência do eleitorado.

A pesquisa cientifica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento humano, sendo planejada e executada aparentemente segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Será chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência da área específica. Os trabalhos de graduação e de pós-graduação, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciência, ou dela derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento.
Alguns pesquisadores conceituam pesquisa da seguinte forma:
 Conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos;
 Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos ;
 Atividade voltada para a solução de problemas através do emprego de processos científicos .
Tudo isto exige metodologia, pesquisa, bibliografia, para depois se elaborar o artigo, o trabalho ou a pesquisa propriamente dita.

Não faz muito tempo que publicamos algumas postagens sob o tema acima.

(Que utilidade pode ter as pesquisas científicas? e Que utilidade prática há para o aumento das pesquisas científicas? )

Foi mostrado um quadro da produção científica, no Brasil e no mundo. É impressionante a quantidade de artigos científicos publicados nas revistas especializadas. Como foi visto, só quem lucra com isto são as empresas que aplicam dinheiro em suas área de produção, os próprios cientistas (melhorando seus currículos) e algumas universidades (enriquecendo seu cabedal científico). Quanto à população de modo geral, nada!. Quando esta vier a se beneficiar de algumas destas novidades postas na mídia científica já terão surgido outras que as superaram.
O assunto voltou à baila a semana passada por causa de uma descoberta fenomenal: a produção científica da Rússia (ex-URSS, diga-se de passagem) perde volume e é ultrapassada até pelo Brasil!
Esta conclusão (mais uma pesquisa!) está contida num relatório recente da empresa Thomson Reuteres, que se dedica a catalogar a produção científica mundial reunindo dados de mais de 10 mil revistas especializada. Vejam bem, mais de 10 mil revistas! Nesta pesquisa só entram artigos científicos que passaram pela revisão por pares, na qual especialistas independentes da mesma área de pesquisa avaliam se o trabalho é inovador e merece ser publicado.
Nesta análise, o Brasil supera a própria a Rússia, com mais de 30 mil artigos científicos, contra 27 mil dos russos. A China, nem se fala, está disparada na frente com mais de 112 mil.
A propósito, reproduzimos nossa postagem anterior sobre o assunto:

Que utilidade pode ter as pesquisas científicas?
A “Folha de São Paulo”, edição de 4.7.2008 chama a atenção para o fato do Brasil haver crescido 133% em produção científica, no período de 1998 a 2007.
“Produção científica” entende-se como o resultado das pesquisas publicado em órgão especializado, isto é, um artigo numa revista pode ser considerado uma “produção científica”. Mas existem estudos universitários de diversas naturezas e, de modo geral, a mídia considera “ciência” apenas aqueles de caráter empírico, como as áreas de medicina, botânica, física, química, genética, etc. Será que estudos relativos ao direito, à sociologia, à filosofia, enfim, aquelas matérias de caráter especulativo e da lógica, estão também incluídos nesta estatística divulgada pelo CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pertencente ao MEC? A notícia não especifica.
A “produção científica”, em todo o mundo, chegaria a mais de três milhões de artigos publicados anualmente. E não é para menos: somente num gráfico anexo à notícia acima, onde são alinhados apenas seis países (Brasil, Índia, China, Rússia, EUA e Canadá) foram publicados 668.665 artigos científicos no ano de 2007. Em outro gráfico, os vinte países que mais publicam “produção científica” dão um total de 1.357.121 publicações. Se levarmos em conta que nos outros 213 países (o ranking é de 233) publiquem uma média cada um de apenas 10 mil artigos científicos por ano teremos mais de dois milhões acrescidos aos artigos acima, totalizando mais de 3,3 milhões no ano..
De outro lado, se um artigo de caráter científico tem que conter pelo menos cem páginas (para algumas áreas se exige muito mais páginas), teremos então mais de 330 milhões de páginas científicas publicadas anualmente. Uma média de cerca de um milhão por dia...
Estão fora deste cálculo aqueles estudos ou pesquisas que não lograram espaço nas revistas especializadas, mas cujos autores estão na fila aguardando sua vez. Embora sem dados sobre estes últimos, poderemos imaginar quantos professores universitários, doutores, pesquisadores, estudantes em pós graduação, equipes de estudos, etc., etc., estão com seus trabalhos prontos mas não se tem conhecimento por falta de espaço. Se houvesse espaço para todos, talvez a quantidade de “produção científica” dobrasse.
Outro dado é relativo à internet. Nem todos os trabalhos são publicados na internet, mas existem muitos que usam aquele meio de comunicação para divulgar seus estudos. Apesar de sua popularidade, a internet ainda não é bem aceita pelo meio científico em geral, talvez por priorizar o estudo mecânico e tecnológico em detrimento do conhecimento mais intelectual e livresco, mas falou-se há 10 anos atrás que existiam mais de um milhão de páginas científicas divulgadas pela internet. E hoje quantas são? Há dados sobre isso? No final destes informes, cabe-nos uma indagação: que utilidade para a humanidade tem esta massiva “produção científica”? Poderemos imaginar alguns setores que podem (ou tiram) proveito desta produção:
1. Os próprios “cientistas”, pelo fato de engordar seus currículos e poder obter assim mais rendimento em sua atividade;
2. As empresas que investem em seus setores de pesquisa, podendo melhorar seu empenho e, conseqüentemente, obter mais lucros em sua atividade;
3. O enriquecimento cultural e científico das comunidades de estudos universitários, melhorando seu padrão e angariando maior espaço na comunidade cultural do mundo;
4. Por último, a população em geral: quando será que a produção científica de um ano (como em 2007, mais de 3 milhões) será desfrutada pela população onde a mesma está sendo aplicada? E quando aquele progresso ou melhoramento científico chegar, decorridos talvez alguns anos, quantos milhões de outros estudos ou pesquisas não terão já o ultrapassado? A eletricidade foi inventada há mais de cem anos e ainda há populações que não desfrutam desta maravilhosa criação científica, embora a ciência já tenha inventado centenas ou milhares de outros recursos energéticos.

O direito de propriedade e o estado de direito

Transcrevemos abaixo o artigo do Dr. Fábio de Salles Meirelles, presidente da FAESP, e divulgado pela Gaudium Press.

A violação sistemática do direito de propriedade pode ser uma forma de atingir os fundamentos do estado democrático de direito. É o tema que no brilhante artigo intitulado Carta da República, publicado na revista "Justiça & Cidadania" aborda com sua perspicácia característica o Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), Dr. Fábio de Salles Meirelles.

Ao encerrar o ano de 2009, face aos atos de violência praticados pelo MST, em detrimento do direito de propriedade, consagrado no art. 5 da Carta Magna de 1988, indavaga o autor: "Como vamos defender o Estado Democrático de Direito? Como exigir a real aplicação da Constituição, seus fundamentos, almejar decisões judiciosas, reais e objetivas, diante de constantes crimes praticados sem a devida punição?"

"Basta de movimentos que defendem reivindicações supostamente ‘legítimas’ – desabafa o conhecido dirigente rural – com prática de ações tipificadas no Código Penal, como invasões de propriedades, destruição de cercas e pastagens, ocupação de prédios públicos, abate de animais, furto e destruição de implementos agrícolas, entre outros, praticados impunemente em plena luz do dia."

E recorda em seguida o autor a importante função social da classe rural: "Nesse contexto, é importante afirmar que a prática das atividades de lavrar a terra e produzir alimentos requer vocação de agricultor, apoio de políticas assistenciais e orientativas, integração do sistema agrícola nas políticas de mercado, aplicáveis aos pequenos, médios ou grandes produtores, de maneira a proporcionar a sua sustentabilidade e de suas famílias."

"É inaceitável a inobservância de leis e a violação de direitos" – adverte ainda o autor. "As ações daqueles que invadem, violam o Estado Democrático de Direito, violentam o Sistema Democrático Nacional geram conflitos que desagregam entre si as próprias camadas sociais envolvidas."

E em seguida, aponta o caminho para a solução dos conflitos que têm convulsionado o meio agrícola: "Para cumprir procedimentos numa nação continental com grande miscigenação de raças, culturas e religiosidade, só temos um caminho: o respeito à Constituição Federal, nossa Carta Magna. Este é um Pais continente que tem sob sua égide o espírito cristão; seu regime, a democracia social; e seu povo com forte espírito de ação unitária e participativa."

E conclui com grande acerto: "É necessário fazer cumprir a Carta da República, as leis vigentes, manter a unidade nacional com respeito aos países vizinhos, mantendo a sua soberania nesse notável continente da América Latina, berço da agricultura brasileira.

A ESCOLÁSTICA E O QUODLIBETA NAS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

Escolástica (do latim “Scholasticus”), era o clérigo dirigente da escola vinculada à igreja principal. No início do Cristianismo, o ensino do Catecismo teve aquela função regulamentada com a designação de um clérigo que, futuramente, ficou dirigindo a escola vinculada à igreja principal, ou catedral. No decorrer dos anos, o termo foi evoluindo até tomar o significado que tem hoje: nome de um método de ensino utilizado nas escolas e universidades medievais a partir do século XI. Várias etapas compõem esse método. A primeira consiste em comentar e explicar os autores, isto é, os escritores considerados autoridades na matéria tratada. A isso chama-se “lectio”, na verdade uma exposição que começa com a análise do texto, de sua correção e significação. A seguir, uma discussão (“disputatio”), onde se estabelece a sentença, isto é, o ensinamento que se pode tirar do texto. A partir do momento em que esse texto é posto em questão, surge a terceira fase do método ("qauestio”) na qual alunos e mestres apresentam a conclusão do que examinaram (“determinatio”), sempre dirigida pelo professor. Então, “lectio”, “disputatio”, “quaestio”, e “determinatio” formam o caminho percorrido pela Escolástica para se chegar á Verdade, que seria a “conclusio”.
Surgiu, então, o QUODLIBETA, do latim, quod (o que) e libet (agrado); ou seja, “o que agrada”. As questões quodlibetanas eram as argumentações que os estudantes de teologia deviam discutir duas vezes ao ano (na prima do Natal e prima da Páscoa) sob argumentos de sua escolha, mas tudo num clima de conversa ou discussão agradável e distensiva. A “quaestio” (questões, terceira fase da Escolástica) eram estruturadas em seis fases:
1. O enunciado; 2. A listagem das razões a favor da tese que será rejeitada; 3. A listagem das razões a favor da tese resolutiva; 4. O enunciado da tese resolutiva; 5. A ilustração da solução escolhida; 6. A contestação da tese errada.
No século XI já havía umas dez universidades em toda Europa. Os docentes (ou mestres) nem sempre eram religiosos, porque a essa altura já haviam sido graduados muitos filhos de nobres que não se interessavam na vida monástica e muitos estudantes pobres. Para isto foram criadas as universidades: o que queria ser padre já tinha os mosteiros, porém o homem comum ou o nobre precisava de uma escola onde formar-se. Robert de Sorbon, por exemplo, fundou a primeira universidade para os pobres, a hoje famosa Sorbone.
A Escolástica tornou-se, com o tempo, o nome que sintetiza as doutrinas teológicas e filosóficas dominantes na Idade Média, cujo cume foi atingido com o Tomismo