domingo, 31 de janeiro de 2010

Sonho ou pesadelo?

O rock é um estilo de música que aproxima muito o homem moderno da imagem do inferno. Esta imagem, nós a reproduzimos em nossa postagem anterior SONHO PAVOROSO, onde se vê uma situação em que as manisfetações ocorridas num festival de rock são muito parecidas com a imagem do inferno. Agora vemos que não é diferente o pensamento dos que promovem o rock. Vejam a notícia que circula na internet:
Um festival do inferno (Hellfest) foi realizado na cidade francesa de Clisson, de 19 a 21 de junho último (cfr. “Correspondance Européenne”, n° 203, julho/2009). Não há engano na informação. Sim, do “inferno”! Não se tratou simplesmente de um bando de degenerados que resolveu fazer estrepolias, mas foi um evento patrocinado pela cidade, pelo Conselho Regional da Região do Loire e pelo Conselho Geral do Loire-Atlântico. Estiveram presentes à inauguração a vice-presidente da Cultura, Yanick Lebeaupin e o conselheiro regional, Chloé Le Bail. Tudo oficial, portanto.
Foi figura de destaque no festival um cantor que atende pelo nome de Marilyn Manson, cuja fama consiste em ser o “reverendo da igreja de Satanás”.
Presente também um outro conhecido seguidor dessa “igreja”, chamado Soan, novo ídolo de rock francês, que se apresenta de um modo extravagante que a imprensa se compraz em chamar de “atípico” ou “gótico”: roupas excêntricas, brincos nas orelhas, olhos tingidos.
108 grupos de “música extrema” produziram um total de 15 horas diárias de algazarra. Entre eles, os Destroyer 666, que se proclamam como anti-cristos prontos a “começar o ataque” e a “fazer fogo”. As vítimas dessa ameaça são, sem dúvida, os cristãos, aos quais eles aconselham a “fazer vossas orações”, pois “não escapareis ao martelo de Satanás”. Ao mesmo tempo, diversos cantores incitaram a “queimar os padres”. É o mesmo grupo que, em seu site na Internet, lança mensagens de morte com imagens de torturas, mutilações, rostos monstruosos, corpos retalhados e olhares desesperados.
Segundo o organizador, Ben Barbaud, cerca de 60 mil pessoas participaram do festival.
Um jovem padre enviou um protesto aos patrocinadores, no qual denuncia que o festival contribui “para uma atitude mórbida, que conduziu diversos jovens que eu conheci a se suicidarem; se eu faço esta menção de caráter pessoal, é porque estou em contato com pais, que ficaram afetados para sempre, e com amigos desses jovens, que estão profundamente chocados” (Présent, 25-6-09).
O nome Marilyn Manson , do cantor do referido show, evoca a figura de Charles Manson, autor de uma chacina satânica ocorrida há muigos anos atrás nos Estados Unidos, condenado a prisão perpétua mas com uma enorme quantidade de seguidores de sua seita a evocar satanás pelo mundo.

sábado, 30 de janeiro de 2010

O martírio das carmelitas na Revolução Francesa

Um carmelita descalço publica no youtube uma versão espanhola de um famoso filme (em onze vídeos) em que se relata o martírio das 16 carmelitas de Compiégne, ocorrido em 1794, como decorrência da perseguição religiosa movida na Revolução Francesa. O filme chama-se "Diálogo de Carmelitas". O site "Glória TV" está exibindo o filme completo legendado, conforme pode se vê adiante.




Abaixo um resumo dos fatos ocorridos a respeito do martírio daquelas santas e beatas freiras.


O vendaval de ódio anti-religioso que soprou na França durante a Revolução de 1789, atingiu duramente e de forma indiscriminada todas as ordens, todos os religiosos, de todas as cidades, inclusive, de forma brutal, a humilde Comunidade das carmelitas de Compiègne.
Já a partir de novembro de 1789 os bens eclesiásticos são compulsoriamente colocados à disposição do Poder Público. Depois, eram considerados "fora da lei" todos os religiosos que não jurassem a Constituição Civil do Clero.
No dia 4 de agosto de 1790, as carmelitas de Compiègne recebem a visita dos "comissários do povo" a fim de fazer o inventário de seus bens. No dia seguinte, insinuam que as religiosas abandonem o Convento e voltem para casa para aproveitar o "privilégio concedido pela lei".
Mais tarde, em 14 de setembro do mesmo ano, como relutavam em abandonar a clausura, recebem ordens expressas de abandonar o edifício, sob pena de serem punidas pela lei. Sem ter para onde ir, procuram as freiras abrigo em casas de pessoas amigas na cidade, em grupos de quatro ou cinco. Mesmo assim, os "comissários do povo" vão a procura delas e exigem que façam um juramento republicano denominado "Liberdade-Igualdade".

Predileção divina
Depois da Páscoa de 1792, esteve visitando o Carmelo de Compiègne o bispo de Saint-Papoul, Mgr. de Maillé-la-Tour-Landry, quando soube de um fato miraculoso ocorrido muitos anos antes. Estava um clérigo dando a comunhão a uma jovem de 15 a 16 anos, "virgem como um anjo", segundo o bispo, quando a mesma entrou em êxtase vendo grande quantidade de religiosas, uma comunidade inteira, subir aos céus com palmas nas mãos. A superiora, dirigindo-se às irmãs, interpretou o sonho: "Poderíamos esperar que fosse a nossa comunidade que o Céu predestinasse a um tão grande favor?" Os fatos provariam que era aquela Comunidade, sim, que ganharia inteirinha a palma do martírio.
Esta idéia do martírio ia tomando vulto no espírito da superiora, Madre Teresa, e de suas religiosas à medida que o vendaval revolucionário ia crescendo. Determinado dia, a superiora reúne suas religiosas e lhes diz: "tendo feito meditação sobre esta matéria, veio-me ao pensamento fazer um ato de consagração pelo qual a Comunidade se ofereceria em holocausto para aplacar a cólera de Deus, para que a divina paz que Seu Filho veio trazer ao mundo fosse concedida à Igreja e ao Estado". Todas as religiosas aprovaram a idéia e a consagração foi logo feita.
A situação das religiosas era difícil, dispersas pelas casas de amigos. Mas as proximidades das casas permitia-lhes reunirem-se para realizar alguns atos comuns sem chamar atenção. Certo dia, porém, as casas são "visitadas" abruptamente pelo "Comitê de Vigilância" da cidade. Nos dias seguintes as visitas se sucedem.
Durante aquelas "visitas", os representantes do "povo" reúnem finalmente as "provas" com que podem mandar prender todas as religiosas, o que ocorre no dia 22 de junho. O material recolhido é enviado a Paris com os dizeres: "Já de há muito desconfiávamos que as ex-religiosas carmelitas deste município, se bem que alojadas em casas diferentes, viviam em comunidade, submissas às regras de seu ex-convento. Nossas desconfianças não eram vãs.
“Após várias visitas feitas, encontramos correspondência criminosa: não somente paralisavam elas os progressos no espírito do povo, admitindo pessoas numa confraria dita do escapulário, mas faziam também votos pela Contra-Revolução e destruição da República e restabelecimento da tirania".
Dentre os documentos que foram apresentados como "provas" dos delitos das freiras, estavam cartas de alguns padres em que se falava de novenas, escapulários e direção espiritual; um retrato de Luís XVI, e imagens do Sagrado Coração de Jesus.

A morte "in odium fidei"
A 12 do mês seguinte, enquanto almoçam na prisão, as religiosas recebem ordens de partida imediata para Paris. Já estavam prontas a sua espera as carruagens que as levariam de viagem.
Tão logo chegam a Paris são levadas para a Conciergerie, a prisão de onde só se saía para a guilhotina. Por terem as mãos atadas, as religiosas descem com dificuldade das carruagens. O carcereiro, impaciente, empurra a mais idosa, quase octogenária e doente, fazendo-a cair de bruços sobre as pedras do calçamento. O povo presente protestou contra tal brutalidade. Ferida e com a face ensangüentada, a anciã ainda agradece a seu algoz por não a ter matado, porque isto a privaria da graça coletiva do martírio.
No dia seguinte as carmelitas são obrigadas a comparecer perante o Tribunal Revolucionário juntas com outro grupo de 15 pessoas. A maioria destas pessoas haviam cometido o "crime" de havê-las acolhido em suas casas. As características deste "julgamento" são iguais aos outros: não há advogado de defesa nem testemunhas a serem arroladas, há apenas o libelo acusatório.
A sentença saiu também da mesma forma das demais: morte pela guilhotina. Para se avaliar o facciosismo de tal "júri" basta julgarmos um caso. Um dos réus, Mulot de la Ménardière, foi condenado à morte como "padre refratário", quando se sabe que o mesmo não era padre mas agricultor, bastante conhecido na cidade para ter sua profissão trocada em plena sentença do Tribunal, por sinal dirigido por um sujeito que o conhecia muito bem, pois era natural de Compiègne.
Em sua prisão na Conciergerie, as 16 carmelitas não deixam de cumprir a Regra da Ordem. Testemunhas afirmam que elas nunca deixaram de rezar o Ofício. E no dia de 16 de julho, véspera do martírio, celebraram a Festa de Nossa Senhora do Carmo, Patrona da Ordem, com tal entusiasmo que um dos presos que o testemunhou disse que "a véspera da morte parecia para elas um dia de grande festa".
Enquanto as religiosas aguardam os carroções que as levariam ao cadafalso, como estavam em jejum, a superiora Madre Teresa de Santo Agostinho, temendo que alguma possível fraqueza física possa ser tomada como temor da morte, vende a um circunstante um xale de uma das freiras e proporciona a cada uma das freiras uma xícara de chocolate.

Vítimas expiatórias
Caminhando para o cadafalso, as carmelitas cantam. Primeiro o Miserere, para que Deus perdoe os seus pecados; depois a Salve Regina, pedindo proteção à Santíssima Virgem, e, finalmente, o Te Deum, como canto de vitória pelo martírio. A multidão as segue em silêncio respeitoso, ninguém ousa bradar os usuais xingamentos que costumavam fazer contra os condenados. Nem sequer as furiosas "lambedeiras de guilhotinas", ou, como alguns chamavam, "furiosas da guilhotina", grupo de megeras debochadas e sedentas de sangue que sempre acompanhavam as vítimas para lhes aumentar o tormento e saborear suas angústias e terror.
Madre Teresa de Santo Agostinho pede para ser a última a morrer, a fim de poder encorajar suas filhas espirituais até o final. Segurando uma pequena imagem da Virgem Santíssima nas mãos ela entoa o hino "Veni Creator Spiritus", invocando o Divino Espírito Santo. Irmã Constância, a primeira a ser chamada para o suplício, aproxima-se dela, oscula a pequena imagem, e pede à Superiora sua bênção e licença para morrer. Sobe depois serenamente os degraus do cadafalso, cantando o Salmo "Laudate Dominum omnes gentes", indo colocar-se sob o cutelo e não permitindo que os carrascos nela toquem. Todas as outras seguirão seu exemplo. Os carrascos, cheios de respeito, não têm pressa e nem demonstram impaciência, permitindo que as carmelitas façam publicamente esse último ritual de sua Comunidade.
Era o dia 17 de julho de 1794. O sacrifício destas 16 mártires não foi em vão. Deus logo fez cair seu braço sobre a cabeça dos principais chefes da Revolução. Alguns dias depois, no final do mesmo mês de julho, eram guilhotinadas 108 cabeças revolucionárias de Paris, dentre elas a do próprio Robespierre. Ao contrário das carmelitas, todos morrem desesperados, blasfemando, maldizendo-se a si mesmo e aos outros. Eram os demônios “mantenedores”, que alimentavam a Revolução em sua fase do terror, que estavam sendo exorcizados. Não sem grande comoção, desespero e blasfêmias.
Assim, embora elas não tenham feito o propósito de forma explícita, pode-se dizer que se tornaram Vítimas Expiatórias Exorcísticas.
O Papa São Pio X, a 10 de dezembro de 1905, beatificou as 16 mártires.

O grupo de religiosas carmelitas lideradas por Madre Teresa de Santo Agostinho era composto por 10 monjas, 1 noviça, 3 irmãs leigas, 2 irmãs rodeiras.





Relação das 16 beatas




Madeleine-Claudine Ledoine ou Madre Teresa de Santo Agostinho priora, 41 anos;
Anne-Marie-Madeleine Thouret ou Irmã Carolina da Ressurreição monja, sacristã, 78:
Anne Petras ou Irmã Maria Henriqueta da Providência monja, 34;
Marie-Geneviève Meunier ou Irmã Constança. noviça, 29;
Rose Chretien de la Neuville ou Irmã Júlia Luísa de Jesus, monja, 53;
Marie-Claude Cyprienne (Catherine Charlotte) Brard ou Irmã Eufrásia da Imaculada Conceição, monja, 58;
Marie-Anne (ou Antoinette) Brideau ou Madre São Luís, sub-priora, 41;
Marie-Anne Piedcourt ou Irmã de Jesus Crucificado, monja, 79;
Marie-Antoniette (ou Anne) Hanisset ou Irmã Teresa do Imaculado Coração de Maria, monja, 54;
Marie-Francoise Gabrielle de Croissy ou Madre Henriqueta de Jesus, antiga priora, 49;
Marie-Gabrielle Trezel ou Irmã Teresa de Santo Inácio, monja, 51;
Angelique Roussel ou Irmã Maria do Espírito Santo, irmã leiga, 51;
Julie (or Juliette) Verolot ou Irmã São Francisco Xavier, irmã leiga, 30.
Marie Dufour Irmã Santa Marta irmã leiga, 51;
Catherine Soiron rodeira, 52;
Thérèse Soiron rodeira, 46.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sonho pavoroso

Por: Juraci Josino Cavalcante

(transcrito do boletim de notícias católico ABIM (Agência Boa Imprensa), seção “Vida Moderna”)
Dentre os problemas psíquicos modernos, os pesadelos e sonhos pavorosos parecem constituir-se em fatos corriqueiros. Foi assim que Ana Xisto, uma adolescente muito sensível e irrequieta, narrou a seus amigos e parentes uma estranha experiência.
Ana Xisto sonhou que era projetada num imenso abismo, no fundo do qual presenciou tenebroso espetáculo. Um imenso mar de fogo envolvia a tudo, sob o qual jaziam seres disformes e bestiais, estranhos e irreconhecíveis, os quais dominavam uma infinidade de pessoas. Estas ficavam vermelhas como carvão em brasa, mas Ana conseguia distinguir seus rostos, suas formas corpóreas, seus gestos desesperados, seus gemidos dantescos, seus gritos e blasfêmias. “Senti-me em meio a um lamaçal com cheiro de esgoto, e todos dançavam e chafurdavam nessa lama” , declarou Ana. No centro de tudo havia um enorme sino que “celebrava a condenação eterna”.
Repentinamente, apareceu um grupo maior que descia velozmente para aquele antro, cantando assim: “Eu estou indo para baixo. É hora da festa. Meus amigos estarão lá também. Estou na auto-estrada para o inferno. Não há sinais de “pare”, nem velocidade limitada. Ninguém vai me frear... Ei, Satanás, estou pagando minhas dívidas. Tocando num conjunto rock... Estou no meu caminho para a terra prometida. Estou na auto-estrada para o inferno” .
A confusão era enorme lá embaixo. Num canto, havia uma pessoa coberta de sangue de morcegos, a qual os devorava; num outro, vários cães eram esquartejados pelos dançarinos; mais além outros comiam carne crua, bebiam sangue animal numa caveira e estiravam a língua para fora, fazendo horrendas caretas.
Algumas pessoas estavam tatuadas com figuras de dragões, da mesma forma como Ana Xisto os via nas praias. Ouvindo e vendo tudo isto, Ana lembrou-se do último festival de rock que havia assistido. Pareceu-lhe, então, ouvir aqueles sons, aquelas músicas, com as estridentes guitarras ferindo seus ouvidos e compondo aquele quadro horrível.
Inesperadamente, ouviu uma voz que dizia: “Que te parece este espetáculo?” Ana Xisto estremeceu e nada respondeu. Mas, lembrando-se das músicas e dos festivais de rock que assistira, murmurou: “Isto aqui está um pouquinho parecido com os “shows” de rock; até mesmo a fumaça colorida, as figuras tatuadas, as luzes ofuscantes, os gritos, os cabelos desgrenhados, as roupas, os personagens que comem animais no palco, os sons, estridentes e ininteligíveis, as letras... as letras das músicas, até isto pareço ouvi-la, escutando os berros, as blasfêmias contra Deus, os gritos de protesto. Incrível! Mas isto aqui não é nenhum festival de rock. Isto parece mais o inferno!”
A voz responde: “Isto mesmo; isto aqui é o inferno”. Ana Xisto, com coragem, interpela: “Mas, se parece tanto assim com os festivais de rock? Por quê?”
Após uma breve pausa, a estranha voz passou a explicar: “Lá na terra as pessoas procuram copiar alguma coisa do que lhes espera no outro mundo, e por isso existe os que imitam o que poderia ser o Céu e fazem coisas belas. Outros, pelo contrário, imitam o inferno. Assim vão logo se acostumando com a idéia da perdição eterna”.
Ana Xisto interroga novamente: “É, mas eles não acreditam no inferno! Como então procuram imitá-lo?”
A voz responde: “Sim, realmente, a maioria deles nega a existência do inferno, ao menos da boca para fora, mas vivem como se estivessem caminhando para ele. Daí a razão de se organizar aqueles espetáculos de rock e outros parecidos”. A voz some. Ana não consegue ver a figura.
O espetáculo continua e vai sumindo lentamente. Ana Xisto lembra-se então das lições de catecismo que aprendera na infância e começa a balbuciar trêmulamente o Credo. O sonho acabou, mas por muito tempo lhe parecia ecoar nos ouvidos os sons das guitarras, os gritos, as blasfêmias; enquanto na mente ficavam fortemente gravadas as figuras e todo o espetáculo aterrador que presenciara no sonho.
A frase é conhecida: “o sonho acabou”; sim, o sonho, só que este sonho não é um qualquer, mas um terrível pesadelo, um sonho pavoroso. Ana Xisto que o diga!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Peregrinando dentro do olhar da Virgem Maria

Reproduzimos o vídeo acima, o qual encontra-se também no youtube.

Igreja Católica, reflexo de Seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo

Para os que não assimilam bem o idioma castelhano, transcrevo abaixo a tradução do vídeo acima.


A Igreja Católica, Espelho Perfeito de Nosso Senhor Jesus Cristo

Por: Plínio Corrêa de Oliveira

(extraido de uma conferência de 30 de março de 1967)


“Nosso Senhor Jesus Cristo é o modelo de tudo quanto há de bom, grandioso e belo no mundo. Se Ele não houvesse existido ou não fosse Deus, a vida terrena seria algo tão fútil e vazia... ... uma mera sucessão de deleites alternados com sofrimentos que, em últina análise, não se encontraria nela razão autêntica para ser vivida.
Se esse princípio é verdadeiro, devemos reconhecer que a Santa Igreja Católica é o espelho perfeito de seu Fundador, o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, se alguém desejasse sentir um pouco da impressão que teria ao ver a face sagrada do Divino Redentor... ...pode fazê-lo percebendo os movimentos de sua alma ao contemplar as maravilhas engendradas pelo espírito católico ao longo dos séculos da Civilização Cristã.
Pode percebê-lo ao admirar uma catedral gótica.
...ua grande pompa litúrgica...
...um estupendo órgão tocando composições sacras...
...um coro cantando músicas gregorianas...
...ou assistindo a uma emocionante celebração eucarística com um clero piedoso e um povo fiel.
Podemos pensar numa encantadora comemoração de Natal na catedral de Reims, de Amiens, de Colônia ou de Bourges...
...em meio das mil fulgurações de velas acesas, espalhando cintilações sobre as colunas de pedra e os vitrais recolhidos de suas ogivas, na bendita noite natalina.
Semelhantes sensações teria essa alma diante de incontáveis outros monumentos e obras da Cristandade...
...apropriadas para suscitar no coração humano...
...aquela impressão que lhe causaria a visão da face adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Porque, repetimos, todas as belezas e riquezas da Igreja e da civilização por ela inspirada, se irradiam da figura do Filho de Deus...
... e nEle se encontram sua incomparável matriz.
Ele é a alma de envergadura infinita que foi e continua sendo o autor de todas estas maravilhas, através dos séculos.
E não compreender esta verdade, ...
...não perceber os sentidos últimos desta unidade sublime que unge e explica todos os aspectos belíssimos da Igreja,
...é haver compreendido pouco ou não haver compreendido nada da mesma Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nazismo e comunismo, verso e reverso da mesma medalha

Vez por outra o tema da oposição entre nazismo e comunismo vem à tona. Desta vez foi um ex-comunista que se ocupou de reanimá-lo. O Autor é um tanto suspeito, não tanto pelo que é hoje mas pelo que foi ontem. Assim, mesmo objeto de suspeição publicamos suas declarações, extraídas de seu livro e estampadas no site “Forum Libertas”, da Espanha. Veja também nossas postagens anteriores: "Comunismo lidera as grandes tragédias da humanidade" e "Papa lembra grande fome que matou milhões" na Polônia em 1933.
Mas para que nossos amigos não tenham uma visão distorcida da real divergência que há entre nazismo e comunismo (apenas aparente e superficial) publicamos também o texto de um artigo do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, publicado, não em 2010, mas 1941, no jornal católico “Legionário”, da arquidiocese de São Paulo, numa época em que quase ninguém imaginava na derrota de Hitler e seus asseclas. Pelo seu texto podemos aquilatar que a divisão entre os dois regimes é mera figura de retórica, e que, na realidade, um é o verso e o outro é o reverso da mesma medalha.

O bolchevismo versus nazismo: 12 comparações de suas barbáries
Martin Amis, escritor ex-comunista, analiza por contraste os dois grandes horrores do século XX. Por que um se canoniza como o mal em estado puro e o outro parece ver-se somente como um erro histórico? (Publicado em 17 de fefeveiro de 2005).
Em seu livro Koba el Terrible, o novelista e ensaísta britânico Martín Amis se centrava num ponto fraco do pensamiento do século XX e ainda do XXI: a tolerância dos intelectuales ocidentais ante o comunismo.

Martin foi militante comunista, como seu pai - o também novelista Kingsley Amis-, até que as revelações de Solzhenitsyn em Archipiélago Gulag foram inegáveis. Aquilo não podía mais sustentar-se. Em 1978 Martin mantinha ainda um diálogo como o seguinte com um irredutível:

-Faço-me perguntas –comenta Amis- sobre a distância que medeia entre a Rússia de Stalin e a Alemanha de Hitler.
-Ah, não caias nisso, não caias nas comparações morais.
-Por que não?
-Lenin foi... um grande homem.
-Não me venhas com essa...
-Falaremos muito e longamente.
-Muito e longamente.

“Mas já havíamos progredido um pouco”, escreve Amis. “Agora as discussões eram sobre se a Rússia bolchevista havía sido melhor que a Alemanha nazista. Quando apareceu a Nova Esquerda, as discussões eram sobre se a Rússia bolchevista era melhor do que os Estados Unidos”.

Mais adiante em Koba el Terrible, Martin Amis se anima a fazer a comparação em grandes pinceladas. E como tais as recolhemos aqui.

Que diferença há entre o bigode pequeno (de Hitler) e o bigode grande (de Stalin), em que deberíamos incluir o bigode mediano de Vladímir Ilich (Lenin)?

Cifras.

Mesmo que acrescentemos as baixas totais da Segunda Guerra Mundial (40-50 milhões) as do Holocausto (ao redor de 6 milhões), parece que o bolchevismo poderia superá-las. A guerra civil, o Terror Vermelho, a FOME; uma Colectivização que, segundo Conquest, causou talvez a morte de 11 milhões. Solzhenitsyn calcula (“Numa estimativa modesta”) que foram entre 40 e 50 milhões os que cumpriram grandes penas no GULAG de 1917 a 1953 (e muitos outros depois do breve degelo de Jrushov), e durante o Grande Terror, a deportação de populações dos anos 40 e 50, Afganistão… Os “Vinte Milhões” começam a parecer quarenta.

Exatidão

Há alguna diferenta moral palpável entre os trens e chaminés da Polônia e o silêncio antinatural e surpreendente que caiu pouco a pouco sobre as aldeias da Ucrânia em 1933? Sob Stalin “não se fez fincapé na aniquilação completa de nenhum grupo étnico”. A diferença se firma no emprego do adjetivo “completa”, porque Lênin empreendeu campanhas genocidas (a descazaquização) e o mesmo fez Stalin. A diferença poderia estar em que o terror nazista se esforçava por ser exato, enquanto que o terror stalinista era deliberadamente aleatório. Todo mundo era vítima do terror, desde o primeiro até o último; todos menos Stalin.

Ideología.

O marxismo era um produto da classe média intelectual; o nazismo era sensacionalista, de imprensa suja, dos baixos fundos. O marxismo exigía da natureza humana esforços sem nenhum sentido prático; o nazismo era um convite direto à abjeção. E sem embargo as duas ideologias funcionaram exatamente igual em sentido moral.

Médicos da morte.

Há alguma diferença moral entre o médico nazista (bata branca, botas negras, bolas de Zyklon B) e o interogador salpicado de sangue do campo Orotukán? Os médicos nazistas não só participavam em experimentos e “seleções”, inspecionavam todas as etapas do processo executor. Na realidade, o sonho nazista era no fundo um sonho biomédico. Foi uma subversão que não praticou o bolchevismo.

Efeito social.

O nazismo não destruiu a sociedade civil. O bolchevismo, sim. É uma das razões do “milagre” da recuperação alemã e dos fracassos e a vulnerabilidade da Rússia atual. Stalin não destruiu a sociedade civil. Lenin, sim.

O humor.

A resistência do humor a desaparecer se há destacado no caso soviético. Parece que os Vinte Milhões não terão nunca a dignidade fúnebre do Holocausto. Isto não é, ou não somente é, uma amostra da “assimetria da tolerância” (a expressão é de Ferdinand Mount). Não seria assim se na natureza do bolchevismo não houvesse algo que o permitisse.

Ciclo de vida.

Stalin, diferentemente de Hitler, fez todo o mal que pôde, entregando-se de corpo e alma a uma empresa de morte. No ano que morreu estava preparando pelo vista outra gigantesca campanha de terror, vítima, aos 73 anos, de um anti-semitismo remoçado e senil. Hitler, pelo contrário, não fez todo o mal que pôde. O pior de Hitler se eleva como uma larga sombra que afeta de forma implícita a nosso conceito dos crimes que cometeu. De haver sobrevivido, o nazismo “maduro” haveria sido, entre outras coisa, uma confusão genética em escala hemisférica (já havia planos, em princípios dos anos quarenta, de depurar ainda mais a linhagem ariana). O laboratório de Josef Mengele em Auschwitz havia sido ampliado até alcançar as dimensões de um continente. A psicose hitlerista não era “reativa”, não respondia aos acontecimentos, senão a ritmos próprios. Possuía ademais uma tendência fundamentalmente suicida. O nazismo foi incapaz de amadurecer. Doze anos era, quiçá, a duração natural de uma agrassividade tão sobrenatural.

Aplicabilidade.

O bolchevismo era exportável e em todas as partes produzia resultados quase idênticos. O nazismo não podia se reproduzir. Comparados com a Alemanha, os demais estados fascistas foram simples aficcionados.

Êxito em vida.

Hitler, ao final de sua trajetória afrontou a derrota e o suicídio. “Quando Stalin completou 70 anos em 1949 – disse Martin Malia – era realmente o “pai dos povos” para um terço da humanidade; e parecia que era possível, inclusive iminente, que o comunismo triunfasse a nível mundial.

Vergonha da espécie.

A combinação alemã de desenvolvimento avançado, alta cultura e barbárie infinita é, desde logo, muito singular. Sem embargo não podemos isolar o nazismo alegando que era exclusivamente alemão. Tampouco podemos por em quarentena o bolchevismo alegando que era exclusivamente russo. A verdade é que os dois relatos abundam em notícias terríveis sobre o que é humano. Produzem vergonha e ao mesmo tempo indignação. E a vergonha é maior no caso da Alemanha. Pelo menos é o que eu acredito. Prestemos atenção ao corpo. Quando leio livros sobre o Holocausto experimento algo que não me sucede quando leio livros sobre os Vinte Milhões, é como uma infestção física. É vergonha da espécie. E isto é o que o Holocausto nos pede.

Armas especiais.

Mas Stalin, ao dar grossas pinceladas de seu ódio, dispunha de armas que Hitler não tinha.
Tinha o frio: o frio abrasador do Ártico. “Em Oimiakón [Kolymá] chegaram a registrar-se temperaturas de -72°C. Chegando a temperaturas muito mais altas se rachava o aço, rebentava os pneus e saíam chispas quando o archote golpeava o tronco das árvores. Quando baixa a temperatura o hálito se congela em cristais que tilintam no chão com um rumor que chamam “sussurro das estrelas”.
Tinha a obscuridade: o sequestro bolchevique, a crudelíssima e implacáel auto-exclusão do planeta, com seu medo às comparações, seu medo ao ridículo e seu medo á verdade.
Tinha o espaço: o imenso império de onze zonas horárias, as distâncias que extremavam o confinamento e o isolamento, a estepe, o deserto, a taiga, a tundra. E o mais importente: Stalia tinha tempo.

E ademais...

Stalin foi um dirigente muito popular dentro da URSS durante o quarto de século que durou seu governo. Resulta um pouco humilhante pôr por escrito uma coisa assim, mas não há forma de evitá-lo. Também Hitler foi um líder popular, mas diferente de Stalin, conseguiu algumas vitórias econômicas e perseguiu a minoria relativamente pequenas (os judeus eram 1% da população) . As vítimas de Stalin foram grupos maioritários como o campesinato (85% da população). E ainda que a vigilância de Hitler sobre a população fosse intimidatória e persistente não se excedeu, como Stalin, para criar um clima de náusea e medo.

Amis fez um livro para despertar a memória: “Para a consciência geral, os mortos russos seguem dormindo. Milhões. Se fez uma guerra contra eles e contra a natureza humana foi contra sua própria gente”.

(tradução livre do texto publicado pelo site Fórum Libertas http://www.forumlibertas.com/frontend/forumlibertas/base.php)


Dr. Plínio mostra claramente que nazismo e comunismo não são muito diferentes



Vejam agora, o texto publicado pelo jornal Legionário, N.º 460, 6 de julho de 1941 sob o título de As relações entre o Nazismo e o Comunismo



Ao comentar o conflito teuto-russo, em seu último número, o “Legionário” prometeu publicar uma lista com algumas notícias que deu em várias ocasiões demostrando a solidariedade efetiva dos regimes nazista e comunista.
Move-nos a fazê-lo somente o desejo de tornar bem patente aos nossos leitores o nosso pensamento, submissos aos interesses da Igreja e para evitar que se lance a confusão aos espíritos.
Poupamo-nos o trabalho e o espaço deixando de citar a opinião constante do “Legionário” sobre a identidade entre o nazismo e o comunismo, expressa anteriormente ao famoso pacto nazi-soviético, e que infelizmente muitos leitores recebiam com um sorriso incrédulo, pois então Hitler se preocupava em aparecer como campeão da luta contra o comunismo.
Essa máscara ele tirou apenas quando lhe conveio - nas vésperas do ataque à Polônia - para conseguir mais facilmente seu intento.
Desde então - setembro de 1939 - convencidos nossos leitores da solidariedade entre os dois regimes, preocupamo-nos em preveni-los contra as futuras manobras dos dois chefes anticatólicos e seus sequazes.
Ainda em 1939 escrevíamos que “essa aliança, desde que convenha, se mostra como é: cada vez mais forte”.
Nesse mesmo ano supúnhamos possível a qualquer momento um domínio do Reich pela Rússia.
“É verdade que, afinal, exausta tanto a Alemanha quanto as democracias pela guerra, a Rússia será capaz de impor-lhe uma reviravolta em seu regime interno. Mas isso não deve preocupar muito aos sequazes de Hitler: porque, afinal, um ou outro regime vem a ser a mesma coisa...”.
Em 17 de Dezembro de 1939, quando ainda não arrefecera o espanto causado pelo pacto nazi-soviético, comentando as manobras hitleristas para evitar uma aliança dos países escandinavos com a Inglaterra visando o auxilio à Finlândia, escrevíamos:
“Noticiado um possível conflito do Reich com os sovietes, aqueles países ficam numa situação extremamente difícil: auxiliar a Finlândia ligando-se a quem?
Na verdade, o próprio auxílio da Itália à Finlândia prejudicando com a retenção em território alemão de numerosos aviões. Assim, mantendo a incerteza do ambiente, o Reich se reserva sempre uma última possibilidade de se salvar, sacrificando sua grande aliada.
Mas, principalmente, ele mantém a confusão no cenário internacional, possibilitando a Rússia, enquanto dure essa indecisão, ir avançando em território finlandês.
A aliança teuto-russa é mais profunda do que muitos querem crer. Sob a aparente divergência de formas, há um mesmo fundo em ambos os governos.
Durante muito tempo insistimos em que essa aliança se daria, afinal, quando as conveniências o mandassem. E desde que ela se fez, notamos que é preciso não se esquecer que se trata de duas formas de uma só orientação, o que explicará, a qualquer momento, o sacrifício de uma para assegurar a vitória da outra.
Indiscutivelmente seria o ideal que o Reich pudesse se salvar da guerra que imprudentemente provocou, para aí substituir em Moscou a foice e o martelo pela cruz suástica”.
Através de todas as alternativas da guerra, desde 1939 até este ano, prevenimos sempre de forma idêntica os nossos leitores contra a confusão que um conflito teuto-russo poderia causar nos meios católicos.
Desses inúmeros trechos dos artigos de fundo, “7 dias em revista” e “nota internacional” esparsos nesta folha, oferecemos mais alguns trechos aos nossos leitores, com o fito de preveni-los mais uma vez contra a cilada inimiga:
“...na Alemanha, ainda ecoam os últimos sons do festim nazi-soviético, que hoje mostra a nu a solidariedade de suas heresias, se bem que estas ainda possam, amanhã, retomar a comédia, e os disfarces de ontem.
* * *
“Assim, pois, o comunismo começa a rejeitar a máscara comunista sem rejeitar nem seu espírito nem seus processos. A Rússia real, a Rússia objetiva, a Rússia que os comunistas quiseram fazer e fizeram de fato quando estavam “com a faca e o queijo na mão”, esta Rússia se despe do “travesti” comunista, e aparece tal qual é, aos olhos do mundo inteiro: oligárquica, autoritária, tirânica, absorvente, perigosa.
Evidentemente, o que pode significar isto? Que os comunistas estão ensaiando alguma tática nova. Qual será ela? Ainda é cedo para dizê-lo. Mas nossa geração, que já assistiu à aliança de quase todas as potências do pacto anti-Komintern com a Rússia, assistirá talvez a alguma outra cena do gênero. Será, por exemplo, a Rússia se transformar em potência anti-Komintern. E se não for isso, será qualquer outra farsa neste gênero. Os ingênuos que se preparem. Deve haver, pelo ar, algum “menu” rico em fraudes de toda a ordem de que, com sua voracidade habitual, não deixarão de deglutir e degustar a todas elas, sem exceção”.
* * *
Em 29 de Dezembro de 1940 prevíamos o que ora sucede, no seguinte tópico:
“O “Legionário” já teve ocasião de dizer insistentemente, em mais de um de seus números, que a hostilidade fictícia do nazismo contra o comunismo, amainada oficialmente (“oficialmente”, sim e só “oficialmente”, pois que no terreno concreto nunca houve luta e nada havia a amainar) por interesses políticos de momento, poderia, de um instante para outro, readquirir novo vigor, sendo muito do feitio do ditador nazista dar um golpe rijo no comunismo, apresentar-se assim à humanidade como um novo Constantino, e, prestigiado pelos louros desta vitória “cristã”, empreender mais resolutamente do que nunca a guerra ao Catolicismo”.
“Noticiamos, em edição anterior, que o Partido Comunista búlgaro, obediente à III Internacional como costumam sê-lo todos os partidos da esquerda, distribuiu na Bulgária numerosos boletins em que procurava desanimar o povo em relação a qualquer reação violenta contra a investida nazista.
Dias depois, o telégrafo nos trás, entretanto, a curiosa informação de que o Kremlin protestou oficialmente contra a ocupação da Bulgária por tropas alemãs.
Assim, ao que parece, a Rússia procura novamente afivelar a máscara do anti-nazismo, ainda há poucos dias considerada antiquada e inútil pelos dirigentes soviéticos. É possível que a farsa vá longe”... previa o “Legionário”, quando surgiram os primeiros rumores da ocupação nazista na Bulgária.
“A política internacional continua cheia de mistérios, entre os quais o mais importante é o das relações teuto-russas. As duas potências totalitárias parecem estar representando, para o mundo inteiro, uma farsa de esconde-esconde. Ora deixam cair a máscara de sua pseudo-incompatibilidade, e apresentam ao público suas faces idênticas de irmãs siamesas, ora cobrem-se novamente com a máscara de inimigos iracundos, e ameaçam travar entre si uma luta de morte. No meio de tudo isto, o público crédulo e ingênuo fica sem saber o que pensar. E, assim, a mascarada vai continuando enquanto os atuais senhores do mundo quiserem”.
* * *
A dança de aproximações e recuos entre a Rússia e o III Reich, indicada no tópico acima, teve confirmação no seguinte, publicado em outra ocasião, em 1940, reproduzindo os comentários dos jornais, que previam então um esfriamento daquelas relações:
“Disto, seria um índice expressivo o tratado anti-soviético firmado pelo governo japonês com um grupo de chineses por este elevado à categoria de governo da grande república oriental. Aliado da Alemanha, o Japão não poderia entrar em colisão com os sovietes sem afetar, indiretamente, a solidez das relações russo-germânicas. A atitude do Japão não teria, certamente, sido tomada sem uma sondagem prévia em Berlim, onde teria sido declarado que um atrito nipo-soviético e um conseqüente esfriamento germano-russo, não desgostariam Berlim. E, assim, a precariedade das relações entre o comunismo e o nazismo transpareceria claramente.
Tudo isto parece claro, e bem raciocinado. Mas é errado”.
E estava errado. Não demorou muito para vermos Stalin e Matsuoka, um nos braços do outro.
* * *
Em novembro, comentávamos as manobras diplomáticas de Hitler:
“Após a visita de Hitler à França, e do seu encontro com Franco, verificou-se que os esforços de Laval e Serrano Suner foram em parte frustados por várias circunstâncias.
Na Espanha verificou-se idêntica resistência da opinião pública à tentativa de arrastar o país à guerra para servir o eixo.
Em vista dessas circunstâncias, que impedem o ataque a Gibraltar e de haver fracassado a invasão da Inglaterra, restando assim apenas a possibilidade do ataque ao Império pelo canal de Suez, Hitler necessitava resolver com a Rússia a questão dos Dardanelos.
A URSS, por todas as formas e em todos os tons, fez constar sua oposição ao domínio dos Balcãs pelo eixo com desrespeito à sua zona de influência.
Hitler invadiu os Balcãs. A URSS não se moveu apesar disso.
Verificando a inutilidade dos esforços junto à Espanha - para o que afivelara novamente a máscara anticomunista, autorizando sua imprensa a atacar o governo de Moscou, Hitler deixou a farsa e resolveu entrar mais uma vez em entendimento com os sovietes.
Para esse fim vale muito a lembrança da guerra russo-filandesa, e a imprestabilidade do exército moscovita. Dos fracassos de seus aliados tira o füeher grande proveito, para se impor como senhor único da Europa.
Assim, a desvalorização das forças russas permitiu-lhe exercer pressão suficiente para que Molotov se abalasse de Moscou a Berlim”.
Agora, a situação estava melhor preparada, e o anticomunismo de última hora arrasta toda a Europa.
* * *
“Como todos vêem, a colaboração germano-russa está atingindo seu auge, pela intervenção ativa russa, ao lado da Alemanha, na política asiática. O “Legionário” já previu longamente tudo quanto se está passando. E, exatamente agora, quando parece ter chegado a seu zênite esta colaboração, permitimo-nos adiantar mais uma coisa a nossos leitores, coisa esta que certamente lhe causará surpresa: no pé em que estão estas relações, tanto é possível que durem longamente, quanto que de repente a Alemanha agrida a Rússia. E tudo isto sem que deixe de ser perfeitamente real a simbiose nazi-comunista.
“Qui vivra verra”.
* * *
Convencidos da solidariedade teuto-russa, estávamos também certos da inconveniência da sua clara manifestação, para o nazismo, esperando antes um aparente conflito.
Por isso manifestamos nossa surpresa quando numerosos telegramas anunciaram que aviadores russos auxiliavam o Iraque em sua luta contra a Inglaterra:
“Também a atitude da Rússia é motivo de surpresa. Não porque houvesse razões para se duvidar da solidez dos laços que unem Berlim e Moscou - laços que se romperão apenas quando, vencidos os demais adversários comuns - e que são todos os países em que ainda predominam uma civilização cristã e católica - devem decidir da supremacia entre si. A surpresa no caso consistiu em que não se esperava que a Rússia arrancasse já a mascara da neutralidade e fosse auxiliar materialmente a luta contra a Inglaterra.”
Os fatos demonstram ser razoável essa surpresa: os telegramas a respeito não eram verdadeiros.
* * *
Concluindo uma nota sobre as manobras do gênero das acima expostas, em que eram comparsas Hitler-Stalin, deixávamos claro o nosso pensamento, há alguns meses atrás:
“A repetição desse fato não esclarece apenas os espíritos obtusos ou de má fé: na realidade a política nazista ou comunista são irmãs gêmeas, e uma estará afinal disposta até a se sacrificar pela outra, para a consecução do fim comum: a destruição da civilização cristã no mundo.”

Mídia alimenta legenda do terrorista Bin Laden

Quando corria sua fama pelo sertão nordestino, Lampião era costumeiramente acusado de fazer ataques em diferentes regiões. Sabendo que o cangaceiro-mor tinha mais fama, muitos outros bandidos se utilizavam disso para praticar ações criminosas e colocar a culpa nele. Seria possível que Lampião tenha feito algum ataque no interior da Bahia, ou no Piauí? Não, humanamente seria impossível, pois em seus vagarosos deslocamentos a cavalo seu raio de ação era circunscrito a apenas alguns quilômetros de onde tinha seu centro de atividade. A não ser já no fim de sua vida, quando, tentando fugir de seus perseguidores, atravessou o São Francisco e foi perseguido e morto em território baiano. Esta aura, esta fama, é claro que não foi propagada pela imprensa, mas fazia parte de um processo normal ocorrido na sociedade, onde os que praticam o mal procuram ocultar-se e facilmente tentam atribuir seus crimes a outro de maior fama.
Já com o terrorismo moderno, não trata-se apenas de um processo social, mas um estragema da mídia. Vejam o que ocorreu na década de 70 com o terrorista Carlos, “O Chacal”, sobre o qual a mídia criou um mito e lhe creditou vários ataques em toda a Europa. Seria difícil, para uma pessoa de bom senso, acreditar que um bandido fosse tão preparado e (ao mesmo tempo com o poder de bilocação) para agir de forma tão solerte em países como a Inglaterra, França e Alemanha, sem ser rapidamente preso e condenado. Foi criada a legenda de um bandido ativo, esperto, desafiador do poder estatal e, sobretudo, impune (até o dia que foi preso e condenado à prisão perpétua). No entanto, era comum as notícias de que o venezuelano enganava as polícias tão exímias como a “Scotland Yard” e transitava incólume de um país para outro, como a zombar de todos. A grande maioria dessas ações era meramente imaginada pela mídia para alimentar a legenda.
Agora, surge a figura do terrotorista-mor, Bin Laden. Criou-se em torno do mesmo uma aura de mistério e poder, embora a figura que é mostrada seja a de um indivíduo com aspecto imbecil, fraco e indolente (vejam se não tem cara de retardado mental), com uma barba e andrajos sujos, dando a impressão de que, apesar de tão miserável, é capaz de desafiar o maior poder do mundo, os EUA. Que há de propósito neste estratagema? É que para muitos que assim o vêem desafiar e enfrentar o maior poder da terra surge a seguinte indagação: se ele (que parece assim tão fraco e miserável) pode eu também posso. Muitos resolvem segui-lo e, formados ou não em secretas organizações terroristas, passam a desafiar o poder americano. Em seu nome já foram praticados muitos assaltos, mas na realidade quantos realmente foram coordenados por ele? Atribuir um poder que não tem, constitui-se pois uma estratégia de “psy-war”, além de atribuir ao indivíduo ações que ele nunca praticou.
Neste últimos dias surge mais uma peça nesta encenação: será que a recente mensagem publicada pela “Al Jazeera” é verdadeira? Ou será que Bin Laden está morto ou desaparecido há muitos anos e usam seu nome como estratégia de guerra psicológica contra os EUA? Vejam o teor da notícia divulgada pela Reuters:
EUA minimizam vínculo de Bin Laden com atentado frustrado
da Reuters, em Washington

O fato de uma gravaçãoa atribuída a Osama bin Laden ter reivindicado a responsabilidade da rede terrorista Al Qaeda para o frustrado atentado aéreo de 25 de dezembro mostra que ele busca ter sua "glória refletida" e não necessariamente que tenha sido o mentor da trama, disse uma autoridade dos EUA nesta segunda-feira.
Em gravação divulgada no domingo pela TV "Al Jazeera", uma voz identificada como sendo do terrrorista saudita elogia o nigeriano acusado de tentar explodir um voo entre Amsterdã e Detroit e promete novos ataques contra os EUA.
Daniel Benjamin, coordenador de contraterrorismo do Departamento de Estado, disse que o envolvimento de Bin Laden é improvável. "Ele está fazendo o que, para Bin Laden, é uma estratégia testada e verdadeira, de certa forma se associando a isso e dessa forma tentando obter parte da glória refletida do momento, se é que se pode chamar assim", afirmou Benjamin a jornalistas.
"Bin Laden está tentando colocar suas impressões digitais em praticamente qualquer coisa que acontece há anos, e a esse respeito acho que estamos meio que acostumados a isso."
A Al Qaeda do Iêmen reivindicou inicialmente a autoria do frustrado atentado, que desencadeou forte repressão do governo iemenita a militantes islâmicos.
Funcionários norte-americanos de Defesa e contraterrorismo dizem que os EUA estão discretamente fornecendo equipamentos militares, de inteligência e treinamento ao Iêmen para destruir esconderijos da Al Qaeda.
Governos e analistas ocidentais temem que a Al Qaeda iemenita se torne mais violenta, assumindo o vácuo deixado pelas perdas da Al Qaeda "original" no Afeganistão e Paquistão.
Benjamin disse que Bin Laden --cuja família tem origens iemenitas-- e outros dirigentes da Al Qaeda provavelmente estão em contato com a facção iemenita, mas não a controlam diretamente.
A relação "é provavelmente mais estreita do que entre a liderança máxima da Al Qaeda e quaisquer outras afiliadas, mas isso não significa que haja um comando e controle de qualquer forma."
Para ele, a cúpula da Al Qaeda fornece apenas "diretrizes amplas, prioridades gerais de alvos, coisas assim."

sábado, 23 de janeiro de 2010

Lula, um dos novos Herodes

Existem muitos Herodes no mundo atual, inclusive o próprio homem que disse que Lula "é o cara", isto é, Barack Obama. Este último pretende executar "ambicioso" programa de ampliação da matança de inocentes nos Estados Unidos, aumentando a concessão de abortos. Perante tão assombrosa intenção criminosa não haveria como não chamá-lo também de Herodes. Lula, que reza na mesma cartilha seria uma espécie de "Herodes em tamanho pequeno". Estas qualidades herodianas dos dois presidentes mais populares das Américas estão patentes em suas últimas atitudes. O partido de Lula chegou a expulsar de seus quadros o deputado Luiz Bassuma, da Bahia, porque o mesmo é contrário ao aborto.
Então, a CNBB, chamando Lula de "Novo Herodes" nada mais faz do que constatar uma realidade, que aflorou mais gritante por ocasião da aprovação de um programa de "direitos humanos" que nada mais é do que uma afronta aos mais elementares direitos da pessoa humana. Além de herodiano, ou novo Herodes, nosso presidente é também hipócrita, pois não teve relutãncia em homenagear a doutora Zilda Arns, que era radicalmente contrária ao aborto e favorável à vida, no mesmo momento que autorizava a elaboração de seu programa de "direitos humanos".
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República afirma que os temas de tal programa já vinham sendo debatidos desde 2003. Debatidos? Por quem? O Governo patrocinou vários encontros (com dinheiro público, diga-se de passagem) de homossexuais e outros tipos de tarados, onde só foi discutida a famosa "agenda gay". Quando estiveram reunidos em Salvador, anos atrás, alguém mandou que se incluísse na agenda deles a seguinte informação; a) a quase totalidade das mortes violentas ocorridas entre homossexuais é decorrente de crimes praticados entre eles mesmos, não procedendo, portanto, a queixa comum de trata-se de "homofobia";
b) na realidade são os homossexuais que agridem a sociedade, pois andam de mãos dadas com as drogas e todo tipo de doenças, especialmente a AIDS;
c) é comum o homossexualismo estar associado à prostituição, pedofilia e a crimes passionais. Tudo isto deveria ser levado em conta ao se considerar o debate sobre seus supostos "direitos". Uma questão premente e gritante: entregar uma criança para ser criada por tais indivíduos é o mesmo que sujeitar este inocente não só ao vício da homossexualidade, mas principalmente da pedofilia e prostituição. Bem diferente é a questão do aborto, embora muito grave porque envolve a defesa da vida dos nascituro.
Vejam como a CNBB se manifestou a respeito do caráter herodiano de Lula.
Herodes, aquele que, segundo a Bíblia, ordenou a "matança dos inocentes", é como a Igreja Católica agora denomina o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em panfleto distribuído em São Paulo contra pontos dos quais discorda no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em dezembro pelo governo.
No livro de São Mateus, Herodes ordena o extermínio de todas as crianças menores de dois anos em Belém, na Judeia, para não perder seu trono àquele anunciado como o recém-nascido rei dos judeus, Jesus Cristo.
Para a igreja, o "novo Herodes" autorizará o mesmo extermínio anunciando-se a favor da descriminalização do aborto.
No panfleto, intitulado "Presente de Natal do presidente Lula", a Comissão Regional em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), contesta este e outros pontos do já polêmico plano.
"Herodes mandou matar algumas dezenas de recém-nascidos (Mt 2,16). Com esse decreto, Lula permitirá o massacre de centenas de milhares ou até de milhões de crianças no seio da mãe!", incita o documento.Segundo Dom José Benedito Simão, presidente da comissão e bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, a igreja não é contra o plano em sua totalidade, mas considera que quatro deles "agridem" os direitos humanos.
Além da questão do aborto, são eles: união civil entre pessoas do mesmo sexo, direito de adoção por casais homoafetivos e a proibição da ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União.
"Não é uma campanha contra o projeto, mas alguns pontos em que acreditamos que ele agride e extrapola os direitos humanos e o direito à vida", critica Dom Simão.
"O que nós contestamos é a falta de sensibilidade desse decreto, que funciona como um projeto, e não ajuda em nada ao Estado Democrático de Direito em que queremos viver. Não queremos cair em outra ditadura.
Esse decreto é arbitrário e antidemocrático", completa. Segundo Dom Simão, que também é bispo da Diocese de Assis, no interior de São Paulo, a intenção é ampliar a distribuição e divulgação do panfleto em todas as cidades do Estado e também pela internet.
"Ele [o plano] não está a favor do Brasil. Agora vem o presidente dizer que não sabia, que assinou sem ler? Como vai assinar se não leu?" Sobre a questão da retirada dos crucifixos, o bispo defende que não somente os símbolos da Igreja Católica estejam presentes, como também o de outras religiões.
"Nós não queremos que retire, queremos é que se coloquem mais símbolos ainda. A igreja sempre defendeu os direitos humanos e vai apoiar o governo em tudo o que for a favor da vida. Mas esse plano tem que ser revisto sim. O governo só reviu a questão dos militares, mas nesses quesitos não está querendo rever.
Que princípios o governo quer defender com esse projeto?" A CNBB nacional também criticou os mesmos pontos no programa, por meio de nota oficial. Mas sua assessoria de imprensa disse desconhecer a distribuição do panfleto, alegando que o regional tem autonomia para determinadas ações, que não precisam passar pelo seu crivo. A assessoria informou ainda que a CNBB nacional não irá se manifestar sobre o panfleto.
O Regional Sul 1 também informou que a comissão tem autonomia e que o panfleto não precisaria ser aprovado pelo presidente da sede para ser distribuído.
O regional coordena oito subregionais: Aparecida, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto 1, Ribeirão Preto 2, São Paulo 1, São Paulo 2 e Sorocaba, cada uma delas englobando pelo menos quatro cidades do Estado. O UOL Notícias entrou em contato com a Presidência da República.
A assessoria de imprensa informou que o governo não irá se pronunciar. Em busca de direitos A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), que congrega 220 organizações congêneres, apoia o programa de direitos humanos. Em nota oficial, o presidente da entidade, Toni Reis, afirma que a associação participou da elaboração e defende que "os direitos sexuais de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais são direitos humanos e, por isso, direitos fundamentais a serem respeitados em uma sociedade democrática". Atualmente, o aborto é considerado crime no Brasil, exceto em duas situações: gravidez decorrente de estupro e quando há risco de morte à mãe.
No Código Penal, o aborto é enquadrado como crime contra a vida, com penas que variam de um a 10 anos de prisão.O casamento homossexual também não é permitido, mas a união civil entre pessoas do mesmo sexo está em vias de ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal. A adoção por casais homoafetivos ocorre, mas é rara.
Faz parte de uma jurisprudência ainda minoritária, formada por decisões favoráveis em primeira instância com base no direito constitucional à família.
O polêmico plano Aprovado em dezembro, o PNDH-3 traça recomendações ao Legislativo para a futura elaboração de leis orientadas a casos que envolvam os direitos humanos no país. Um dos pontos mais controversos prevê a criação de uma Comissão da Verdade, para investigar casos de violação de direitos humanos durante a ditadura militar.
A medida gerou desentendimentos entre militares e a pasta de direitos humanos, e culminou em uma alteração no plano, assinada por Lula no último dia 14, suprimindo a expressão "repressão política", para englobar qualquer conflito no período.
A mudança não encerrou a discussão, já que outras polêmicas foram mantidas, como a tentativa de controle da imprensa e a não repreensão às invasões de terra, alvos de críticas de entidades como a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Em nota, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que elaborou o programa, diz que ele incorpora propostas aprovadas em cerca de 50 conferências nacionais, realizadas desde 2003, e que sua versão preliminar esteve disponível durante 2009 para sugestões e críticas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A busca dos prazeres pode causar indiferença pelos males humanos?

Há pouco mais de um mês fizemos uma postagem sob o seguine título: A busca desenfreada pela felicidade pode causar estresse. Verificamos, hoje, que a suposta felicidade baseada no gozo dos prazeres pode também causar indiferença pelos males humanos. Vejam o por quê desta indagação na notícia divulgada pelo "El Mercúrio", do Chile, que estampamos abaixo. Enquanto milhares de haitianos sofrem as consequências do terremoto, a apenas 96 km de Porto Príncipe 7 mil turistas (indiferentes a tudo) gozam as delícias de um cruzeiro numa paradisíaca praia...

Lujoso resort de cruceros revela el contraste económico en Haití

Miles de turistas llegaron desde el fin de semana a las paradisíacas playas. La línea de cruceros defiende mantener las operaciones por las divisas que le genera al país.

Marcela Vélez A.
Haití es uno de los países más pobres del mundo. Pero también es parte del Caribe y, como tal, cuenta con uno de los atractivos más poderosos de esa región: hermosas playas.
A 96 kilómetros de la zona afectada por el terremoto, en una playa alejada de las áreas más pobladas sigue operando hasta hoy el resort Labadee, propiedad de Royal Caribbean International.
Cada semana, y la última no ha sido la excepción, pese a la tragedia, más de 7.000 pasajeros de cruceros de lujo arriban por un día a esta playa cercada y resguardada por un cuerpo de seguridad privado.
"La playa es preciosa, con arena blanca. Cuando llegas te explican que es propiedad de Royal Caribbean y te advierten que no salgas del lugar, porque la gente de los alrededores te puede molestar pidiéndote cosas por la pobreza que hay", relata la chilena Viviana Valenzuela quien llegó hasta Labadee a bordo del crucero Majestic of the Seas en el verano de 1998.
Desde entonces poco ha cambiado. Los haitianos siguen agolpándose cerca de la barrera de 3,5 metros de alto que separa al resort del resto del país. Sólo 200 de ellos están autorizados a entrar en el resort para vender artesanías y productos típicos en una feria, así como en un show folclórico.
Royal Caribbean, además, emplea a otros 200 trabajadores locales en el mantenimiento de las instalaciones, que incluyen un parque acuático.
La extrema seguridad y la pobreza pasan desapercibidas. "En ningún momento se veían ni las cercas ni los guardias, porque había mucha vegetación", cuenta Valenzuela.
La empresa paga al gobierno haitiano, a modo de concesión, US$ 6 por cada turista, según versiones de prensa. Pero ahora teme que la escasez de agua y alimentos provocada por el terremoto lleven a los haitianos a saltar la barrera que rodea el paradisíaco resort.
Polémica decisión
¿Debe Royal Caribbean seguir llevando a Haití a sus miles de turistas, cuando a menos de cien kilómetros el resto del país aún lucha por rescatar a los miles de cadáveres que dejó el devastador terremoto?
Esa era la pregunta que circulaba ayer en medios internacionales, después que la empresa confirmó que tres de sus cruceros de lujo han arribado al que llaman su "paraíso privado" desde el fin de semana, al norte del empobrecido país.
Ante la sorpresa que causó la medida, incluso entre los propios turistas, la empresa defendió su decisión al asegurar que precisamente ahora es cuando Haití necesita ayuda económica.
"Fue una decisión bastante fácil de tomar, más aún después de que el gobierno haitiano nos expresó su deseo de que sigamos operando, tanto por el beneficio económico que la actividad genera, como por la capacidad que tenemos de llevar insumos como agua y alimentos", afirmó en una entrevista el presidente ejecutivo de Royal Caribbean, Adam Goldstein.
DONACIÓN
La empresa se comprometió a donar todos los ingresos del resort a los esfuerzos para la reconstrucción de Haití.

Luto, luta e orações pelo Haiti

Organizações católicas se movimentam para ajudar as vítimas do terremoto do Haiti. Além das costumeiras Ordens que prestam grande auxílio material e humano, muitas delas presentes naquele país (dezenas delas com vítimas fatais em Porto Príncipe), os Arautos do Evangelho, juntamente com a CNBB, estão promovendo uma campanha de orações e auxílio ás vítimas, conforme pode se ver abaixo.

Segundo a agência Gaudium Press a "Campanha SOS Haiti", lançada na última sexta-feira (15) pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em conjunto com a Cáritas Brasileira, já arrecadou a quantia de R$ 285.264,82 às vítimas do terremoto que assolou o país caribenho.

De acordo com o assessor da Cáritas, José Magalhães de Sousa, esse valor arrecado será depositado, ainda nesta semana, na conta da Cáritas da República Dominicana que abriu uma conta específica para socorrer as vítimas do terremoto. Essas doações serão destinadas à compra de materias de primeira necessidade e alimentos

"Enviaremos os recursos ao Haiti através da Cáritas de Santo Domingo, que acompanha de perto o socorro ao Haiti. O secretário latinoamericano da Cáritas, Antonio Sandoval, também está no Haiti", disse Magalhães.

No próximo final de semana, a maioria das arquidiocese devem realizar, em suas paróquias e comunidades, coletas em favor da Campanha atendendo à solicitação da CNBB e da Cáritas. De acordo com o assessor da Cáritas, a expectativa é de que as doações cheguem a pelo menos dois milhões de dólares.

Foram abertas três contas para receber doações:

Banco do Brasil - Agência: 3475-4 - Conta Corrente: 23.969-0;

Caixa Econômica Federal - OP: 003 - Agência: 1041 - Conta Corrente: 1132-1;

Banco Bradesco - Agência: 0606 - Conta Corrente: 70.000-2.

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Quem não puder dar sua ajuda financeira, os Arautos sugerem que elevem suas orações a Deus, conforme mensagem dirigida pela internet:

ORAÇÃO
Ó Senhora do Perpétuo Socorro, mostrai-nos que sois verdadeiramente nossa Mãe obtendo-nos o seguinte graça: amparai aos nossos irmãos feridos no Haiti, consolai aos que perderam seus entes queridos, e dai o descanso eterno aos que morreram nessa tragédia. Alcançai-nos a mais terna confiança em vossa intercessão, Mãe do Perpétuo Socorro. Concedei-nos esse favor que reclamamos de seu poder e bondade maternal. Eterno Pai, em nome de Jesus e pela intercessão de nossa Mãe do Perpétuo Socorro, peço-vos atendei-nos. Amém. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, rogai por nós. ( Reza-se 3 Ave-Marias)


Corria os anos de 1881 e uma terrível epidemia de varíola se alastrou na cidade de Porto Príncipe.
O bispo, Monsenhor Guilloux, levou a uma alta colina um quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e com ele traçou um sinal da cruz sobre a cidade, certo que as orações da população seriam atendidas: trazendo a cura aos enfermos e banindo o mal que fora deflagrado.

Assim se deu! A epidemia acabou completamente!

Os Arautos do Evangelho pedem nesse momento doloroso a intercessão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, para que ampare e socorra a população do Haiti vítima dessa horrível catástrofe.

Os Arautos convidam a você: faça uma oração pelas vítimas do terremoto.

Para sua doação clique aqui: campanha promovida pela
CNBB

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ai de ti, se não aprenderes a lição do Haiti!

Eis a catedral de Porto Príncipe, antes do terremoto...
E, abaixo, como ficou depois...



Correu pela internt, especialmente num círculo grupal do yahoo chamado "perguntas e respostas", várias indagações sobre a questão de ser ou não castigo divino a catástrofe que caiu sobre o Haiti. É claro que vários protestantes, especialmente os propagadores de desgraças, apressaram-se em dizer que o castigo assemelha-se ao de Sodoma e Gomorra. Até o cônsul haitiano no Brasil fez declarações no SBT afirmando que a causa do terremoto foi o castigo divino pela quantidade de cultos satânicos que se pratica por lá. Dizendo ter vários parentes entre os mortos da catástrofe, mostrava um rosário colorido em que dizia rezar regularmente. Algumas entidades de direitos humanos já se apressam em processar o cônsul por suposto racismo, pois afirmou que tudo o que vem da África e dos negros é maldito.

A questão foi posta, então, na eventualidade do terremoto ter sido um castigo divino, haja vista dois grandes pecados que bradam aos céus por vingança: o satanismo e homossexualismo. Ora, satanismo e homossexualismo são dois pecados praticados em grande profusão nas grandes metrópoles do mundo, como São Paulo, Nova York, etc., Nesta hipótese, o castigo sobre o Haiti nada mais foi do que uma pequena amostra do que vem por aí, foi apenas um aviso. Imaginem o que está por vir, perante a veracidade da tese do castigo divino.

Lembremo-nos, no entanto, de que o Haiti tem dois grandes protetores:

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Padroeira:


Venerável Pierre Toussant (clique aqui para ver sua vida), o ex-escravo e cabeleireiro haitiano que teve suas virtudes heróicas reconhecidas pela Igreja trabalhando em Nova York para sustentar até o fim da vida sua ex-patroa e familiares. Deus escolhe outros interecessores: além da brasileira Zilda Arns, tivemos também o bispo de Porto Príncipe, pouco lembrado e morto na catástrofe:

Segundo a agência Zenit, em despacho de 13 de janeiro, o arcebispo da cidade de Porto Príncipe, Dom Joseph Serge-Miot, está entre as vítimas do violento terremoto que devastou a capital haitiana na tarde de 12 de janeiro. Seu corpo foi resgatado dos escombros do arcebispado, de acordo com fontes ligadas às missões atuantes no Haiti.
Dom Serge-Miot, 63 anos, era arcebispo há dois anos, mas já atuava na arquidiocese como coadjutor há mais de 10 anos.
As redes de telecomunicações estão cortadas. Um missionário, falando por um telefone via satélite à agência MISNA, disse que o centro da cidade está “inteiramente devastado”. “É terrível. Nós estamos bem, mas perdemos contato com alguns de nossos seminaristas. Alguns devem estar feridos, outros devem estar mortos. Orem por nós”.
Outro sacerdote, padre Pierre Le Beller, falando também por satélite, disse temer “um número altíssimo de feridos”, e que será “uma verdadeira emergência” tratar de todos. Segundo ele, é muito difícil ter acesso a informações confiáveis.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Deus existe?

Transcrevemos abaixo interessante artigo, publicado no site "Presbíteros", sobre a controvérsia do ateísmo moderno.

Por P. Rodrigo Polanco
Secretário Acadêmico da Faculdade de Teologia da PUC – Chile

Tradução de Wagner Marchiori

O livro que apresentamos é fundamentalmente uma transcrição literal de um debate sobre a pergunta que dá título a esta obra: Deus existe?, cujos protagonistas foram o então Cardeal Joseph Ratzinger e o filósofo Paolo Flores d’Arcais. O diálogo ocorreu no teatro Quirino, em Roma, em 21 de fevereiro de 2000, dentro do contexto do Jubileu convocado por João Paulo II pela ocasião do segundo milênio da encarnação do Verbo de Deus.

O debate, como era de se esperar, suscitou muito interesse antes mesmo de sua realização: o teatro estava repleto de público e ficaram mais de duas mil pessoas do lado de fora que conseguiram acompanhar o diálogo com a ajuda de um amplificador improvisado.

O motivo do interesse? Em primeiro lugar os debatedores: o Cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Conhecido por sua competência em temas filosóficos e teológicos e, particularmente, porque um de seus maiores interesses foi precisamente poder penetrar e compreender melhor a cultura atual e suas dificuldades em aceitar a mensagem cristã; e, mais especificamente, são conhecidos seus numerosos trabalhos acerca da possibilidade e necessidade da fé em um Deus pessoal que possa fundamentar a cultura e a ética no mundo contemporâneo. Hoje é nosso Santo Padre Bento XVI, cujo magistério se viu claramente influenciado por estas preocupações. Esperavam-se, então, de suas reflexões bons aportes ao debate atual.

O outro debatedor era Paolo Flores d’Arcais, filósofo e jornalista, nascido em Udine, Itália, em 1944. Ele se reconhece como ateu e é, na atualidade, uma referência intelectual no âmbito da cultura européia contemporânea. É, além disso, fundador e diretor da revista “Micromega”, que publicou este diálogo (foi publicado também na França pela editora Payot et Rivage e, na Alemanha, pela Wagenbach Verlag). Flores d’Arcais é um decisivo impulsionador dos valores cívicos da democracia e da igualdade. Seu ateísmo significa, para ele, “simplesmente considerar que tudo se passa aqui, em nossa existência, finita e incerta. E, portanto, são importantes os valores que se elegem e a própria conduta” (pg 30). Pode-se perceber, de imediato, que entre esses dois expoentes há pontos em comum apesar de uma diferença fundamental, o que augurava um debate que não decepcionaria.

O diálogo – e esta é a segunda razão do interesse do livro – que foi muito bem moderado por Gard Lerner (um jornalista italiano judeu), se desenvolveu de maneira intensa, muito honesta, às vezes de forma incisiva, mas sempre com respeito à opinião do outro e em sincera busca pela verdade. Ao longo do debate foram saindo os clássicos argumentos contra a existência de Deus e que foram permitindo ao Cardeal Ratzinger colocar com muita claridade, não somente a realidade da existência de Deus, mas, também, o porquê é hoje necessário e, sobretudo, racional (isto é, adequado a uma razão moderna) crer em Deus.

O diálogo – transcrito integralmente no livro – é aberto, fundamentalmente, com uma colocação de Flores d’Arcais que se tornará o fio condutor do debate, pois é justamente o núcleo da discussão sobre a existência de Deus. Afirma Flores d’Arcais que a fé deve aceitar – seguindo a São Paulo em seu “escândalo para a razão” e àquilo que se atribui a Tertuliano, “credo ut absurdum” (‘creio porque é absurdo (o que creio)) – que é digna de respeito, tem direito a uma cidadania , mas não é exigível nem pode ter a pretensão de ser aceita pela razão, já que “suas verdades” não podem ser demonstradas pela razão e que, inclusive, isso não foi pretensão do cristianismo primitivo que se considerava uma religião à margem da razão. Esta é uma afirmação que talvez muitos cristãos, à primeira vista, subscreveriam.

Pois bem, a partir dessa mesma observação, o Cardeal Ratzinger começa sua exposição demonstrando, com dados históricos, exatamente o contrário. O cristianismo desde suas origens considerou-se como uma religião e uma fé que certamente não era absurda e que, além disso, devia dar ‘razão de sua esperança’. A primeira carta de São Pedro diz precisamente “estais sempre dispostos a todos os que vos pedem dar razão de vossa esperança” (1Pe 3,15). Os cristãos devem, então, estar em condições de demonstrar o sentido profundamente racional de suas convicções. De fato, o cristianismo primitivo triunfou sobre as religiões pagãs de seu entorno justamente por sua reivindicação de racionalidade. Apresentou-se, inclusive, como filosofia, isto é, como resposta à busca da verdade, do ‘logos’ do mundo. Já no ano 150, Justino, filósofo e mártir cristão, fundava em Roma uma escola de formação cristã, aonde se podia aprender a refletir a fé entendida como filosofia verdadeira. Sua conversão, longe de afastá-lo da filosofia , o fez verdadeiramente filósofo. Certamente, ao entender o cristianismo como a filosofia perfeita, a filosofia que leva à verdade, “não se entendia, então, como uma disciplina acadêmica puramente teórica, mas também, e antes de tudo, desde uma perspectiva prática, como a arte de viver e morrer retamente à qual só se pode chegar à luz da verdade”. Além disso, a pergunta pela verdade, pelo ‘logos’ das coisas, era a pergunta da filosofia e não das religiões pagãs da época.

A convicção básica da Antiguidade – e creio que também nossa – era que no mundo existe uma racionalidade sobre a irracionalidade – o mundo, a vida, cada um de nós mesmos não somos um absurdo – e, por isso, uma religião, qualquer que seja, mostrar-se-á adequada e verdadeira na medida em que se apresente como “vera religio”, isto é, como verdade universal e fundante. E dessa verdade se deduz também a natureza do homem e, portanto, seu dever moral. De fato, “o que a lei supõe realmente, as exigências que o Deus único coloca para a vida do homem e que a fé cristã traz à luz, coincide com o que o homem, todo homem, leva escrito no coração, de maneira que o considera bom quando aparece diante dele. Coincide com o que é ” bom por natureza” (Rom 2,14)”. Na base dos direitos humanos universais – nascidos em contexto cristão e desde o cristianismo – está precisamente a convicção de uma verdade comum – o homem – e um fundamento último: Deus. Essa foi sempre a pretensão do cristianismo, que nasce não tão somente da Revelação, mas também da racionalidade das coisas que existem.

E o debate continua se desenvolvendo, sempre em forma de diálogo e com oportunas reflexões de Paolo Flores d’Arcais em que apresenta suas considerações, sejam factuais ou filosóficos, para não aceitar as verdades e a pretensão do cristianismo. Por exemplo: sendo Deus o ‘Totalmente Outro’, pode alguém pretender realmente conhece- Lo? Não são todas as religiões aproximações igualmente válidas, já que não se pode nem sequer se aproximar por analogia àquilo que Deus é? Porque é necessário que haja “um” sentido para a vida? Não bastaria que cada um encontrasse um sentido particular para sua vida, ainda que seja absurdo para outro? Porque deve haver um único sentido?

Neste ponto do diálogo aparece um elemento crucial na exposição de Flores d’Arcais: se o cristianismo – diz ele – se visse a si mesmo como uma religião que é escândalo para a razão (ou seja, não racional), não haveria problemas, porque uma fé assim somente pediria à sociedade que a respeitasse e não tentaria se impor na sociedade, isto é, não seria missionária. O problema para Flores é se – ao contrário – a “fé católica pretende ser o sumário e o cume da razão, ser o sumário e o cume de tudo aquilo que é mais característico do homem”, ou em palavras do Concílio Vaticano II se “o mistério do homem somente se esclarece no mistério do Verbo Encarnado “(GS 22), então é essencial (ao cristianismo) seu interesse em propagar esta “Boa Nova” (já que o bem é difusivo por si próprio), mas, ao mesmo tempo, é inevitável o risco de que mais tarde caia na tentação de se impor. O Cardeal Ratzinger está, evidentemente, totalmente de acordo em que é preciso evitar o perigo de tentar se impor. A fé apela sempre à consciência e à razão, o ato de fé é necessariamente um ato que nasce da liberdade e de haver reconhecido a Deus que se revela e oferece a salvação, mas sempre é oferecimento livre.

Mas o motivo da missão e da evangelização, isto é, este elemento essencial da fé católica, “nasce do fato que nós, os crentes, cremos que temos algo que dizer ao mundo, a todos, que a questão de Deus não é uma questão privada…, pelo contrário, estamos convencidos de que o homem necessita conhecer a Deus , estamos convencidos de que em Jesus apareceu a verdade e a verdade não é propriedade privada de alguém, mas que tem de ser compartilhada, tem de ser conhecida”. Novamente o tema da verdade e da razão.

À continuação o tema se desenvolve em diversos matizes e se chega assim a um novo passo na reflexão de nosso atual Santo Padre. Havia dito que a fé católica é racional e que, como verdade, é necessário que todos a conheçam; passa, agora, a discutir com Flores a “novidade cristã de Deus”. A Bíblia nos apresenta um Deus que está além do Deus da filosofia , isto é, um Deus pessoal que é amor. O mundo vem da razão – logos – mas esta razão é pessoa, é amor – isto é o que o característico e próprio do cristianismo. Isso também não é absurdo, mas supera o alcance da razão por si mesma. Com esta afirmação – segundo o Cardeal Ratzinger quando ainda era um professor universitário – aparece o conceito de criação, tão próprio do cristianismo. O mundo é positivo, é bom e é fruto do amor. É, então, bom viver nele. Portanto, o mundo tem uma direção e medida porque é fruto do Criador que se expressa nele. E, se é fruto do amor, está transpassado pelo amor e a liberdade de acolher esse mesmo amor (cf. J. Ratzinger, Introdução ao Cristianismo). E de onde concluímos isso? Simplesmente de que Deus é como se manifesta. Deus não pode se manifestar como não é. Em termos filosóficos, estamos falando de ‘analogia entis’ e, mais em particular, da ‘analogia amoris’.

O que é a fé, então? Não é simplesmente um saber, mas uma forma de se situar frente ao mundo, frente a toda a realidade, é a orientação de toda a vida humana, o que é somente possível em virtude de um sentido que a sustente. E esse sentido “não se pode construir, somente se pode receber (ibid). Isso é a fé: aceitar o dom da revelação que fundamenta gratuitamente nossa vida, é o compreender a existência como resposta ao Logos que tudo sustenta. É aceitá-Lo e nEle confiar. E isso é totalmente contrário ao ‘irracional’. Efetivamente, é aproximar-se ao fundamento, ao sentido da vida e esse fundamento não pode ser – para o homem - outra coisa que não a verdade. Um sentido que não fosse verdade seria um sem-sentido. A fé, no fundo, nos faz compreender autenticamente o mundo, isto é, entendê-lo e fazê-lo próprio.

Mas esse compreender – e isso é essencial para o conceito de fé – é fundamentalmente um encontro com Deus-amor, é uma relação pessoal, é uma aceitação livre de Deus como Deus, é deixar a Deus ser Deus. A fé sustenta não somente que Deus é Logos, mas que, além disso, esse Logos, essa Razão, é liberdade, é amor criador e pessoa. E, portanto, “o supremo não é o mais geral, mas o particular; por isso a fé cristã é, antes de tudo, opção pelo homem como ser irredutível que aponta à infinitude” (ibid). Deus não só conhece, mas que também ama, é criador porque é amor. É um Deus para o qual nada é demasiadamente pequeno e, portanto, um Deus que entra em relação com todo ser humano de modo pessoal.

Neste ponto as posições se aproximam. Para Flores d’Arcais, o ser humano, ainda na opção “desde o desencanto” – que é a opção do pensamento ateu (em contraposição à opção ‘desde a fé’) (*) – deve igualmente escolher entre uma vida com a primazia do EU – solitário – ou do TU – do encontro que soma – para orientar toda sua vida, ainda que seja sua efêmera vida. E aí, no amor ao próximo, há a possibilidade do encontro entre crentes e ateus. E isso é o que permite, desde a Antiguidade, a convivência pacífica na mesma ‘polis’ entre os que pensam diferente.

O diálogo não pode seguir além de duas horas e meia que já dura, mesmo ainda tendo deixado muitos temas e perguntas sem tratamento e, mais ainda, havendo deixado muitas questões colocadas no meio do debate que suscitaram novas perguntas e dão incentivos para pensar e aprofundar nas próprias convicções. Com que gosto haveríamos seguido escutando – ou lendo – este diálogo elevado! De qualquer maneira, o livro ainda nos agrega dois textos complementares ao debate e em torno dos mesmos temas. Um, do Cardeal Ratzinger, intitulado “A pretensão da verdade colocada em dúvida”. E outro, de Paolo Flores d’Arcais, chamado “Ateísmo e verdade”. Como se pode apreciar a partir destes títulos, o tema Deus é, no fundo, um tema sobre a verdade e, finalmente, um tema religioso, mas, ao mesmo tempo, metafísico. E religioso porque metafísico.

Em síntese, um interessante livro sobre um tema extremamente atual que mostra, uma vez mais, o amor à verdade de nosso Santo Padre Bento XVI, sua confiança no diálogo com o outro que pensa diferente e, também, seu respeito pelas opiniões contrárias; assim como sua amplíssima cultura e profundidade para tratar temas atuais. Por outro lado, Paolo Flores d’Arcais deixa uma grata impressão de homem inteligente, aberto e que advoga, de maneira muito aguda, as características e perguntas do ateísmo contemporâneo. Um livro que ajuda a pensar e a pensar também a própria fé, porque “ todo o que crê, pensa; pensa crendo e crê pensando (…) . Porque se o que se crê não se pensa, a fé é nula” (Sto Agostinho, “De praedestinatione sanctorum 2, 5 em ‘Fides et Ratio’ 79).

(*) Para Flores d’Arcais a postura atéia considera que “tudo se joga aqui, em nossa existência, finita e incerta”, isto é, ser ateu consiste em ser o homem do desencanto e do finito. (N. T.)